segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Meu discurso de Formatura 30/08/14

Compartilho com vocês o discurso que fiz para a minha formatura no dia 30 de agosto de 2014, homenageando o meu curso de Jornalismo, mas também os formandos de Biologia, Educação Física e Pedagogia.


Boa noite, cumprimento a magnífica Reitora, Professora Lia Maria Herzer Quintana, cumprimentando também nossos convidados, empresa responsável por nossa colação e, claro, formandos do Centro de Ciências de Educação, Comunicação e Artes.
Falar por si pode ser algo razoavelmente fácil; por dois já deixa de ser simples; mas por quatro cursos é uma tarefa que ultrapassa os limites da responsabilidade. Aqui deixamos de lado todo e qualquer requisito de formalidade. Expressamos linhas de um raciocínio que vem do coração. Não tenho a pretensão de fazer o melhor discurso; nem de citar o Código de Ética de Ciências Biológicas, Comunicação Social, Educação Física e Pedagogia; hoje eu só quero cumprir aquilo que eu prometi  para pessoas que eu nem conhecia, quando me sentei com e disse que queria ser porta voz, para tentar ser o que cada um precisava dizer.
Para ser honesta, quero fugir do clichê. Só que eu encontro quatro caminhos e é preciso citá-los. Mais do que tentar exercer o que o Jornalismo me ensinou, eu precisava estar ao nível de Pedagogos; empolgada como os Educadores Físicos e amável como os Biólogos. Mas a inspiração é como o amor; ela está o tempo inteiro dentro da gente, porém, não é assim – do nada – que conseguimos fazê-la presente.

Eu sei que para os formandos da Pedagogia, desistir não é uma palavra que está em pauta. Eles têm o dom da paciência, da persistência. Eles possuem a ferramenta mais pura que qualquer um de nós aqui gostaria de ter: o de saber ensinar. Entraram estudantes e saem hoje professores da vida, onde a metodologia não é definida por artigos, mas advém de almas que admitem que para cada quadro branco, há sempre um momento de transmitir, e outro de conhecer.

E por falar em conhecimento, eles são os responsáveis por estudar nosso bem mais puro, defender o que nosso campo de visão enxerga de forma leiga. Enquanto muitos de nós atiramos o lixo pela janela do carro, eles tentam salvar o pulmão do mundo; E quando esquecemos dos animais, eles estão prontos para salvar todas as espécies de bichinhos, sabendo da dedicação que um ser vivo necessita. Eles têm vocação para amar. Estes são os formandos de Ciências Biológicas, que há muito tempo vinham sonhando com esse dia.

É... eu disse sonho. O mesmo sonho que nos empolgou durante os jogos da Copa do Mundo. Que fez com que nos reuníssemos entre amigos e familiares, em busca de uma vitória, onde o compasso dos batimentos cardíacos era impulsionado pela bola que estourava na rede. Mas, não me atrevo a falar mais do que apenas como uma torcedora, tendo em vista que hoje estou frente aos novos Educadores Físicos, ex-acadêmicos que partilharam das salas de aula, e das quadras do Corujão, para exercer em prol da saúde, além de estarem aptos para debater sobre qualquer esporte.

Mas, ao mesmo tempo que estou aqui, nervosa e ansiosa, olho para meu colega que está lá, sozinho, representando a nossa turma – que na verdade é uma dupla – de formandos em Jornalismo. Nós que aprendemos a ouvir, a entender e a tentar transmitir para o grande público; nós que tivemos de assumir o papel daquele que é os olhos e os ouvidos da plateia que não pode chegar à sala destinada à imprensa; hoje estamos aqui, fazendo um grande esforço de falar não apenas por nós, mas pelo Centro de Ciências de Educação, Comunicação e Artes.

Tenho de admitir que achei que essa seria uma tarefa fácil. Que redigir um discurso me daria a oportunidade de tentar ser, em palavras, as frases que o coração dos formamos precisava formular. Mas eu descobri que, ao contrário das últimas provas do curso para concluir o semestre, esse seria o grande exame da minha vida: Falar por nós.

Não é fácil subir e estar à frente de um microfone que invade o coração de cada um de vocês que está sentado aqui. Não é fácil ser a voz dos filhos de tantos pais que abriram mão dos próprios desejos para realizar o maior sonho de ver que sua criança cresceu, e que hoje faz parte do universo que os classifica como graduados. Assim como é complicado não mencionar o nome de cada um dos professores, pois alguns eu cumprimentei pelo corredor; outros eu conheço o rosto apenas hoje.

Sei da importância de cada um que está aqui. Sei que o orgulho talvez devesse ser o título da minha narrativa, mas ainda assim, eu só sei que nada sei, como disse Sócrates.

E de tudo que eu pude pensar na hora de vir até aqui e os representar, queridos formandos, o mais forte dos sentimentos foi refletir sobre o quanto nossos laços se estreitaram, na medida em que nem nos conhecíamos. Passamos a ser personagens principais, nessa historia que escrevemos juntos. Hoje, mais que partilhar do mesmo salão, do mesmo baile, do mesmo dia de fotografias, das mesmas reuniões. Mais do que esperar pela mesma data, nós nos tornamos uma grande família, que como todas as demais, possui uma série de diversidades; de discórdias, mas que, ao mesmo tempo, tem o mesmo objetivo: ser feliz. De preferência, juntos. Uma família que começou para alguns ao final do ano passado; e para mim, em março desse ano. Uma família que gritou na hora que perdeu a paciência, e que lamentou, como todos os demais, ver seus planos sendo modificados de última hora. Que correu, que sorriu, que postou uma foto da turma no Facebook, e que também compartilhou aquela em que as faixas eram coloridas, em cursos que se misturavam por afinidades, laços traçados por nós.

Eu vim aqui hoje para dizer que eu não estou me formando no curso de Jornalismo, apenas. Eu vim para agradecer também aos formandos de Biologia, de Educação Física e de Pedagogia, pela oportunidade de poder tornar público o orgulho que tenho de cada um de vocês. Para que eu pudesse manifestar que afeto não se compra; que carisma não se vende; e que toda sinceridade possui uma base.

Eu vim para provar para vocês, meus colegas, que não importa quantas vezes nós precisemos voltar aos fatos e debater, desistir nunca deve estar na lista de oportunidades. Por mais que a brincadeira não tenha graça; que os compromissos não sejam cumpridos de última hora, é preciso respirar fundo e contar até o número ser vencido pelo fôlego. Por que nós somos adultos. E nós sempre encontraremos um joelho para curar; por que por mais que a bicicleta não tenha mais as rodinhas – por termos conquistado o equilíbrio –  barreiras fazem parte de uma trilha desconhecida, e essa, meus amigos, é a vida.

Por mais que a gente queira que tudo seja absolutamente do nosso jeito, existe um cara lá em cima que nos guia e nos dá coragem de acender aquela vela que nem lembrávamos que estava na gaveta; um cara que nos ensinou que não importa o tamanho da escuridão; sempre haverá uma pequena chama, e que toda luz vence a negritude de um céu sem esperanças.

E ainda assim, para aqueles que não acreditam, eis a sua imagem e semelhança naqueles que residem conosco, ou que estão na casa que mais gostamos de visitar, ou que já tiveram de partir. Nossos pais serão nossos pais para sempre. Eles vão ser sempre a base, o colo mais seguro, mesmo que o cheiro já esteja apenas na lembrança.

E quando a rebeldia tomar conta dos nossos nervos, lembrem-se que haverá sempre um amigo do peito. Um irmão que encontramos na rota, seja de sangue, ou de destino. Lembrem-se que primos, tios, avós, padrinhos, afilhados, que família é família, mesmo que a gente já não tenha mais a chance de encontra-los. E essas pessoas são os pontos de uma costura que não permite arremate. Se cortarmos um só deles, o tecido se desfaz.

E tudo isso que eu digo hoje para vocês, é para chegar onde eu tanto queria: Esses são os nossos alicerces. Somente seremos profissionais, o dia que formos seres humanos. Somente teremos habilidade de lidar com os outros, quando estivermos cientes de que não se deve esquecer de onde veio, para que se possa chegar onde deseja. Somente seremos parte de uma legião de jornalistas, educadores, pedagogos e biólogos, se antes de qualquer título houver um sobrenome. Mas eu não falo em nomes, com o perdão de redundância, renomados. Eu falo em sobrenomes da carteira de identidade, que fazem de nós os responsáveis pela própria vida, e pela vida dos que nos cercam.

Hoje nos despedimos de uma fase que um dia pensaremos que foi custosa e rápida. Hoje fechamos a porta de um passado que é tão presente, que ainda possui cheiro de tinta fresca. Mas todo adeus oferece também uma frase de boas vindas. E é isso que lhes deixo como maior presente: O meu parabéns para cada um de nós; sejamos corpo de formandos, de professores, de funcionários ou de convidados. O meu parabéns por temos tido a oportunidade, e ter sabido o que fazer com ela.

Só transforma o bruto em arte, quem tem a sensibilidade de ver com os olhos da alma, de sentir com o toque do coração, e de julgar com a consciência.

Que quando sairmos daqui para nos reunir com nossos convidados, possamos sentir o orgulho de dever cumprido. E que esse dia jamais seja esquecido, nem por nós; nem por quem nos ama, pois somente o amor é a chave mestra dessa caixa magnífica chamada vida.


Boa noite.