domingo, 29 de setembro de 2013

Hora certa

Sabe, chega uma hora na vida que a gente começa a se questionar seriamente sobre o motivo de tantas coisas darem errado. Os joelhos, pobre coitados, já não aguentam mais aquela frase que diz "para aprender a levantar, é preciso cair". Sim, é fácil falar, quando os coitadinhos já estão esfarrapados e cheios de remendos. Por falar em remendar, o coração, galo véio, mais parece um farrapo.
Então, a razão, sempre sábia, começa a querer ajudar. Mal sabe ela que os olhos já não suportam mais chorar. Começam os conselhos, e o peito, quase sem voz grita... "Se fosse bom tu os vendia".
Entre a guerra que disputa a felicidade, há uma hora que a gente já não sabe se quer ser soldado, ou se prefere lançar ao céu o lenço branco, solicitando paz.
Sim, a gente só quer paz. Só quer sombra, água fresca e um sorriso no canto da boca. Será, destino, que é pedir muito ter um período de calmaria?
Mas tudo está em silêncio. Ninguém mais te escuta. A luz no fundo do túnel?! Não, ela também cansou de esperar por ti. Não há mais reciprocidade com os frutos, apenas com aquilo que te aperta.
E é aí, é nesse momento de provação, quando a gente se olha no espelho e começa a questionar o próprio caráter, que tudo muda. A chuva cai, o pasto é limpo, o vento carrega consigo aquela tristeza - até então sua velha conhecida - e evapora a angústia.
Meio desnorteado, sem saber o que fazer, de repente, como que sem querer, a dor passa. A garganta sente o ar. E tu? tu começa a descobrir que quando cansa de esperar, é por já estar na hora de chegar. Ou melhor, de abrir a porta, para um amor que está ali. Quer dizer, sempre esteve, no mesmo lugar, esperando que tua loucura pedisse para ir embora.
Quando chega essa hora, quando tudo parece de outro mundo, o sorriso grita, o coração acelera, e a felicidade te diz: Olá, cheguei, quero sentar e, por favor, me deixe ficar.
Quando tudo parecer ter ido embora, tu percebe, meu bom e querido coração, que o amor verdadeiro está ali, te abanando.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Por inteiro...

Apesar de gostar bastante de brincar, e por vezes até parecer que tomei chá de palhacinho, eu não faço o tipo que leva na brincadeira. Não sei ser metade de nada; não vivo nada pela metade. A única coisa que eu corto é a laranja, mas sempre como as duas partes, então ela se termina por inteiro.
Eu não gosto de atrasos, de promessas descumpridas e de mudanças bruscas. Não aceito desculpas esfarrapadas e também percebo quando o time está me deixando para trás.
Nunca fui de jogar na titularidade, mas não vivi uma vida inteira de banco de reservas. Em outros termos, sou oito ou oitenta em quase cem por cento das coisas.
Sou difícil como qualquer outro ser feminino. Sou complicada como qualquer outra mulher. Me magoo fácil como qualquer outra menina. E choro tão facilmente quanto qualquer outro pisciano.
Eu não sei cantar, mas nunca esqueço a mensagem de uma música. Eu não sei tocar, mas nunca confundo uma melodia. Eu não sei esquecer, mas nunca deixo de perdoar.
Vai ver é por nunca ter gostado de ter ao meu lado, pessoas pela metade. Se for para ser somente uma parte, deixe-me aqui, pois assim, pelo menos eu, sou inteira.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Um não sei que...

E entre a cruz e a espada a gente vai descobrindo como é estar entre a razão e a emoção. Entre o ir para longe e o ficar por mais algum tempo aqui. Vai colhendo uns frutos e plantando sementes de esperança pelas beiradas, na busca incessante por uma felicidade incomum.
Talvez estejamos perdidos. Loucos. Maníacos por uma verdade que não existe. Com vontade de ir às nuvens e com muito medo de tirar os pés do chão. Dúvidas contraditórias que ameaçam a nossa própria existência. Acho que é tarde para seguir e cedo demais para desistir. Mas aí vem aquela ponta de curiosidade e tudo que parecia errado, de repente se tornou tão certo...

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Solitário

Talvez seja um bocado de saudade; um pedaço de ausência; um pouco de solidão; um não sei o que de posse. Ou talvez seja simplesmente paixão.
Eu não falo de mim; eu não falo em ti; e nem ao menos em nós. Eu falo de um mundo que está aí fora. Eu comento a falta de reciprocidade. Eu lamento as lágrimas desnecessárias que rolam pelas faces alheias.
Estamos sempre com a mala pronta para ir embora; é nosso instinto. É nossa rota, faz parte da nossa vida. A diferença está em quem encontramos, em quem nos faz ter vontade de largar os anseios; a diferença está quando encontramos alguém que nos faça ficar. Ficar por mais tempo, ou para sempre, ou até depois que o Sol cair no adormecer do horizonte.

Talvez seja algo que não tem nome, que não tem explicação, que não encontra numerais, mas que também dispensa letreiro. Talvez seja algo anormal, um fato desigual, a mescla entre o riso e o choro. Talvez seja um pingo de loucura, um rastro de ternura, um sinônimo de tudo aquilo que te faz feliz.

Ou talvez seja simplesmente o tempo: que te faz cair, que te faz querer, que te faz ser o super herói que imaginava aos 5 anos de idade. Talvez só estejamos fugindo daquilo que sonhamos, perdendo nossos desejos e instalando um pouco mais de medo.
Talvez só falte coragem. Talvez seja a falta de um brilho que só reconhecemos no olhar.