sexta-feira, 27 de março de 2015

(des)norteada

E aí tu me encontra, me bagunça, me beija e me transtorna. Me coloca embaixo dos teus olhos e afaga minha nuca, um pouco com os dedos, e o resto com a respiração que traduz aquilo que eu já tinha lido no olhar de ontem.
E aí eu me entrego, me esqueço, e me reencontro no berço de um sentimento que teima em acender umas trezentas vezes mais que o cigarro de cereja. Mas aí eu te pergunto por que que eu ainda sigo aqui. Perdida entre teclados, suspiros, arrepios e um horizonte (des)conhecido. Fico entre aquilo que não possui resposta, e embarco nos temores do futuro.
Ah se eu pudesse simplesmente deletar o passado. Tu és o meu presente, eu sei, mas aos poucos essa imagem vai perdendo o nexo, e vai ficando mais do teu cheiro no meu ontem do que em meus suspiros de hoje.
Onde está, afinal, aquela velha frase que te faz ficar; que te deixa perder a hora; que te arrebenda as passagens ao meio, pois é necessário deixar de partir? Onde está a minha loucura - até então perdoada, como diria Oswaldo Montenegro - porque metade de mim é amor, sim, e a outra metade eu tenho mais certeza ainda.

E onde foram parar os sonhos? Os desejos? E onde eu me encontro, sem ser ao me encarar e enxergar que em mim ainda tem muito de ti...


Jéssica Pacheco.