sexta-feira, 12 de julho de 2013

Um dia seremos a fotografia amarelada da estante

Um dia vai ser apenas uma fotografia amarelada, no quadro das lembranças. Um dia serão apenas resquícios dos nossos sorrisos, uma infância colorida que há muito ficou para trás...
Um dia seremos apenas os ex adolescentes, com uma saudade que aperta quando o coração lembra daquilo que a sua memória tenta esquecer. Um dia, um dia chegaremos aos cabelos brancos, às rugas embaixo dos olhos, às mãos cansadas.
Um dia teremos o tempo e o dinheiro que hoje não temos, mas vai faltar a disposição que nos faz virar as noites dançando, tentando ver o sol raiar e beijar a lua. Seremos distantes, constantes, pessoas de mundos diferentes. Seremos a metáfora do passado. A inquietude dos lamentos.

Um dia seremos aqueles que se espantam pelo fato do filho do colega de faculdade estar se formando também. Nos espantaremos com a ausência de paciência. Com a vontade de ficar em casa todos os finais de semana. Um dia sentiremos falta das aventuras, das discussões, dos medos e até daquelas manhãs cansativas de inverno no pampa.
Um dia seremos o que sobrou de nós mesmos, o que fizemos das nossas escolhas, o que sobramos do nosso destino. Um dia seremos o que restou de quem deixamos passar, de quem não pedimos para ficar, de quem nunca deveria ter entrado.
Seremos o sim e o não, e já não teremos tanto tempo para corrigir o que ficou para trás. Tentaremos passar a borracha nos velhos erros, na falta de experiência, nas péssimas escolhas, mas será tarde, ali estaremos, sentados em uma cadeira num final de domingo - o dia que durante toda a sua vida tu odiou, mas que hoje tem cheiro de mofo.

Um dia sentiremos o peso da idade e teremos raiva de termos escondido a nossa juventude atrás das desculpas. Atrás dos estudos. Um dia iremos perceber que a distância só existe entre o que temos e o que ficou. Entre aquilo que nos tornamos e que gostaríamos de ter sido. Um dia descobriremos que a distância é uma bobagem, é um tiro no pé, é uma meta que deveria ser encarada a cada amanhecer. Um dia seremos o rio de lágrimas que lamenta.

Por isso, corre atrás, arrisque, caia mil e quinhentas vezes. Rasgue o joelho e depois faça pontos. Arranque os cabelos de preocupação, vire os dias sem dormir, coma todos os doces que achar que deve no meio do regime. Cante no meio da rua, não só no chuveiro. Dê risadas estrondosas entre os amigos. Tenha amigos. Tenha melhores amigos. Tenha irmãos feitos de afinidade. Pratique a reciprocidade.
Pois é inevitável. Esse dia vai chegar. Então, que ele nos pegue rindo, debochando, e, de preferência, com aquele cara lindo da faculdade ao seu lado, de mãos dadas, vendo que tu tinha razão: ele era o cara da tua vida.

Vá até onde der. Se não der, recomece.

2 comentários:

  1. ...Restará o que de mais importante e intrigante, nossa alma: posto que seja o que demais significativo possuímos!!!Essa torna inquietante a saudade de todos que, por ventura pensarem em nós...Bjs!!!

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  2. Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos...

    Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...

    Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...

    Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo...

    Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!

    A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos...

    Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo...

    Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...

    Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!
    Vinícius de Moraes

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