Sabe, chega uma hora na vida que a gente começa a se questionar seriamente sobre o motivo de tantas coisas darem errado. Os joelhos, pobre coitados, já não aguentam mais aquela frase que diz "para aprender a levantar, é preciso cair". Sim, é fácil falar, quando os coitadinhos já estão esfarrapados e cheios de remendos. Por falar em remendar, o coração, galo véio, mais parece um farrapo.
Então, a razão, sempre sábia, começa a querer ajudar. Mal sabe ela que os olhos já não suportam mais chorar. Começam os conselhos, e o peito, quase sem voz grita... "Se fosse bom tu os vendia".
Entre a guerra que disputa a felicidade, há uma hora que a gente já não sabe se quer ser soldado, ou se prefere lançar ao céu o lenço branco, solicitando paz.
Sim, a gente só quer paz. Só quer sombra, água fresca e um sorriso no canto da boca. Será, destino, que é pedir muito ter um período de calmaria?
Mas tudo está em silêncio. Ninguém mais te escuta. A luz no fundo do túnel?! Não, ela também cansou de esperar por ti. Não há mais reciprocidade com os frutos, apenas com aquilo que te aperta.
E é aí, é nesse momento de provação, quando a gente se olha no espelho e começa a questionar o próprio caráter, que tudo muda. A chuva cai, o pasto é limpo, o vento carrega consigo aquela tristeza - até então sua velha conhecida - e evapora a angústia.
Meio desnorteado, sem saber o que fazer, de repente, como que sem querer, a dor passa. A garganta sente o ar. E tu? tu começa a descobrir que quando cansa de esperar, é por já estar na hora de chegar. Ou melhor, de abrir a porta, para um amor que está ali. Quer dizer, sempre esteve, no mesmo lugar, esperando que tua loucura pedisse para ir embora.
Quando chega essa hora, quando tudo parece de outro mundo, o sorriso grita, o coração acelera, e a felicidade te diz: Olá, cheguei, quero sentar e, por favor, me deixe ficar.
Quando tudo parecer ter ido embora, tu percebe, meu bom e querido coração, que o amor verdadeiro está ali, te abanando.
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