Ok, hoje não é um dia propício para eu expor esse tipo de
comentário, mas com certeza ele está sendo o motivo de uma azia que se instalou
dentro de mim após olhar a minha conta bancária. Para não deixar exemplos
negativos, não, ela não está no vermelho, mas confesso que calcular quanto eu
poderia gastar por dia até a data do próximo pagamento é algo assustador e
panchos estão fora da lista de alimentação por dieta de custos. O que este papo
tem a ver com os pais? Tudo! Alguém já deve ter discursado em sua frente
falando sobre a beleza da profissão que toca o coração e faz tu levantar todos
os dias com uma gana enorme de cumprir as tarefas. Geralmente essa graduação
não faz parte dos planos daqueles que já passaram por isso (pelo bom e pelo mau
exemplo) e que só querem o nosso bem... nos privando de futuras dores de
estômago, cabeça e outras patologias que não nos permitem nem comprar remédios
(afinal os impostos estão matando a gente mais do que as enfermidades).
Pois bem, eu fui uma das que não cumpri o título dessa crônica.
Direito era o assunto da adolescência e eu até queria. Poder cursar uma
faculdade que logo me ofereceria um leque de oportunidades é uma arma e tanta
para conquistar um bom futuro. Porém, a minha teimosia, aliada à paixão pela
escrita (que até hoje não me deixou publicar um só livro que fosse), fez eu
rumar para a Comunicação Social. Mas olha só... que curso lindo! Que bela
profissão! Quanto glamour! BOBAGEM! Fiz a habilitação em Jornalismo e logo quis
continuar os estudos, ingressando em uma pós-graduação que me abriria portas
para Mestrado, Doutorado e, quem sabe, para as salas de aula do Ensino Superior
(agora como a teacher da galera). E aí está mais uma coisa que eu não espera:
eu sonhando em ser professora por conta de um salário que é tão pequeno, que só
encarando as noites de quadros e canetas para diminuir o excesso de pobreza que
se instaura na minha receita. (Confesso, eu queria mesmo era telejornalismo e
ainda assim eu teria que ter uma sorte do tamanho do mundo e inversamente
proporcional ao meu salário para poder contar com uma conta mais gorda, afinal
eu teria que ser descoberta pela Globo e aí todos já sabem: cartas marcadas não
me colocam entre elas).
E aí, depois de todo esse trololó, fica aqui a minha
insatisfação, não com as empresas, mas comigo mesma que escolhi teimar em pleno
ano novo de 2010 para bater as patas (sim, pois só sendo um animal para não
ouvir os pais) e dizer que se não fosse Jornalismo, não seria faculdade alguma.
Em março, lá estava eu, toda orgulhosa, ingressando na Comunicação Social de
uma Universidade particular. Para ser mais legal ainda, fui prestar estágio
gratuito em uma rádio e admito que foram os estágios que me fizeram ver um
mundo ainda mais lindo dentro da mágica comunicação. Talvez essa minha crise de
existencialismo jornalístico não tivesse surgido na época por eu ter conseguido
uma bolsa do ProUni e sim, eu sou muito grata ao Governo por isso!
Tão logo eu acabava a graduação e já vinha com um sorriso de
orelha em orelha... o curso acabava, mas as minhas alternativas não. A empresa
que me amparou ainda como acadêmica, fez eu ficar e me deu o salário exigido
pelo Conselho dos Jornalistas... Só que, convenhamos, para quem cursou uma
faculdade de quatro anos, estagiou durante esses oito semestres e meio e que
resolveu que queria criar asas, R$ 1.500,00 é algo meio difícil de te arrancar
sorrisos (que dirá suspiros). Pois sim, no Rio Grande do Sul, descontando os
impostos e tudo mais, é isso que sobra na nossa continha bancária para pagar o
aluguel, o telefone, a internet, a luz, a comida e ainda ter uma vida boa como
a minha. E sim, eu faço milagre por não ficar no vermelho. Fico contente de
pelo menos nesse quesito eu ter escutado o meu pai: me tornei uma das pessoas
mais mão de vaca que eu conheço e isso faz o meu dinheiro render (e às vezes eu
acredito que isso é mágica).
Agora, fica a perguntinha: será que não era melhor mandar
tudo para o espaço, voltar a ser estudante e fazer aí uma Engenharia, um curso
da área da saúde (que me dá náusea só de pensar em sangue) e tentar a
felicidade monetária? Não sei! Honestamente não sei onde está o limite que te
faz pender para o lado da satisfação profissional ou da satisfação salarial.
Eu já vi tantos profissionais reclamando de suas moedas e
sempre pensei ‘uéé... escolheram isso por vontade própria.. não reclamem’...
pois bem... garanto que nesse momento tem um engraçadinho que pensa o mesmo de
mim e eu não os julgo. Eu escolhi realmente por que quis... por achar que
escrever sobre tudo me possibilitaria a oportunidade de mostrar ao mundo coisas
que eu descobri em uma ótica tão lírica, que logo transformaria o bruto em
arte. Pensei que o entretenimento aparecendo sob a minha narrativa audiovisual
poderia ser leve em uma televisão e que o sonho de criança se tornaria real a
partir do momento em que eu não ouvisse os meus pais... Só que aí o tempo
passou. Os 23 anos chegaram e junto deles fica a pergunta: onde está o mês em
que eu vou poder comprar um carro e financiar uma casa? Foi por me fazer essa
pergunta que eu entrei em colapso com o meu estômago e estamos até agora
discutindo quem está errado: eu ou os meus pais.
De qualquer forma, não posso voltar atrás, mas se alguém
souber a solução para tanta choradeira, coloque a resposta aí embaixo... só,
por favor, não cobre, senão vou ter que deletar antes de ler, afinal, de contas
já bastam as minhas...