segunda-feira, 26 de abril de 2010

Pobreza e Cidadania

Quando saímos na rua a cena principal em pleno centro são crianças, muitas vezes descalços, com pouquíssima roupa, cuidando carros e pedindo dinheiro.
Se na hipótese de chegarmos em uma festa e deixarmos nosso carro sob a guarda de um desses garotinhos, e em um momento infeliz, um marginal resolver que vai arrombar o carro, este pobre garoto que cuida carros, na maioria das vezes, nada vai poder fazer.
Mesmo assim, quando encontramos nosso automóvel, e a criança ali parada mendigando uma moeda, nossa ação humana é dar uns trocados, mesmo sabendo da realidade.
Acaba que nós alimentamos a esperança, de na próxima noite, o pobre infeliz ganhar mais uns trocados, ao contrário de estar em casa, em sua cama quente, ou na presença de amigos. Ainda assim, temos consciência de que se não dermos, ele vai continuar ali, pedindo.
Será que já paramos para pensar onde é que vai parar esse dinheiro?
Nas mãos do leiteiro, nas mãos do padeiro, quem sabe nas do açougueiro, ou será que não irá parar no bar da esquina...
Pode ser também que pare nas mãos de um traficante...
E mesmo assim nós depositamos ali a nossa contribuição, seja pra o bem ou para o mal.
Se um dia fôssemos segui-los, poderíamos encontrar visão de tremendo horror, como outras crianças doentes, mães e pais viciados em drogas ilícitas, comida alguma no armário, isto quando tiver armário. Uma cena de pavor e contestação, e com tudo isso, ainda estaríamos a pensar, se nosso humilde dinheirinho depositado naquela mãozinha pedinte, está sendo bem empregado.

Com toda certeza ir a uma festa, dançar a noite inteira, no fim sair e dar R$ 2,00 à criança que lhe espera no portão não significa que você salvou o dia de alguém, diante da verdade que você nem sabe onde esse dinheiro irá parar, mesmo em situações precárias de vida, pois o vício cega até mesmo o coração do dependente.
Ajudar não é isso, não é fechar os olhos, ou simplesmente sorrindo dar um trocado achando que está realizando um grande feito...
Ajudar está em acreditar que o Mundo pode mudar, que as esperanças são renovadas a cada amanhecer, mesmo que na madrugada nós vejamos alguns caídos por aí, mesmo que nesta fria madruga nós encontremos um pobre senhor, deitado no degrau da loja de luxo, tapado com o cobertor de papelão.
Ajudar é ver o que está errado e tentar modificar...
É arregaçar as mangas e fazer com que a tristeza seja vista pelos olhos da população...
Exercer a cidadania não é ir a uma urna eleitoral e votar em um político que irá ganhar montanhas de dinheiro e que prometerá dar mundos e fundos a quem nada tem, e na real não vai pensar em outra coisa a não ser ganhar mais dinheiro. Pois exercer a cidadania é reconhecer que existem pessoas que necessitam de ajuda por aí...
Em qualquer lugar...
Ser cidadão é ajudar os cidadãos menos favorecidos.
Sabemos que alguns estão ali porque querem, mas entre tantos, alguns não merecem o destino que lhe foi pregado.
Nós podemos mudar isso, é só sermos cidadãos!

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