segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sonho de criança, arrependimento de adulto.

Quando a inocência está ativa, a única coisa que importa é brincar. Não há preocupações e ninguém o indaga pela cor do carrinho ou da boneca. Não há falsidade, as crianças são puras, tão leves quanto o vento. Dizem o que pensam, por isso brigam tanto umas com as outras. Não há mentira, apenas uma euforia da imaginação.
Crianças comemoram o dia da árvore, do Santo da Cidade; pulam o carnaval com roupas coloridas na frente do portão da própria casa. Crianças que sonham com medicina, veterinária, jornalismo, direito, sem nem ao menos saber o que significa inteiramente cada uma dessas profissões.
Querem ir à lua e voar em cima de um foguete.
Elas adoçam o dia-a-dia com doces comprados na venda mais próxima, não se preocupam com a dieta, nem sabem que isso existe.
Dão risada e choram na mesma intensidade. Para eles não existe idade. Se pudessem, viravam a noite brincando, e quando menos esperam estão dormindo.
São suaves no brilho dos olhos e uma orquestra sinfônica ao acordar. Por vezes é quase impossível os arrancar da cama.
Não cansam. Dormem por obrigação e comem pelo mesmo motivo.
Mas o defeito das crianças é querer crescer. Elas sonham com os 15 anos; eles com os 18. Perdem noites pensando nisso, e dias também.
Vão deixando os brinquedos no canto da sala para mostrarem-se adultos. Mal sabem eles que, querendo ou não, esperando ou não, se assim for possível, eles chegarão lá.
Só que quando esse dia chega, quando as responsabilidades deixam de ser arrumar a cama e guardar o leite para ser enfrentar o trabalho, elas querem mais que tudo retornar à infância. Percebem o quão felizes foram, e notam que não há como voltar, diferente de quando eram crianças que queriam crescer, e assim foi.
Mais difícil é aceitar que o tempo passou despercebidamente bem debaixo dos seus olhos.
Então, os novos adultos irão pegar-se chorando pelos cantos de suas próprias casas; e alguns sorrisos serão reprimidos, pois são adultos, perderam a essência da infância, e agora vivem a maldade do que é ser ‘gente grande’.
Instantaneamente aprendem que se não há brigas, muitas vezes há falsidade, pois compreendem que os adultos possuem o filtro da verdade, e não esclarecem de acordo com o que pensam.
E um dia o desespero aperta o peito, pois, definitivamente, você não é mais criança, não pode dizer tudo o que pensa e sufoca-se ao ver que fazem o mesmo com você.
Não se pode gritar, nem bater os pés no chão. Não dá para atirar o celular na parede, nem fazer beicinho com olhos caídos. Você percebe que quando era criança e agia como adulto você era engraçadinho; mas se você é adulto e age como criança, passa a ser o retardadinho.
Não há como voltar, e querer é sufocar-se numa angústia indescritível.
Entenda que você cresceu, e antes disso desejou crescer.
Aprenda a viver na sociedade capitalista e tudo parecerá mais racional.
Mas nunca, jamais, perca o brilho da infância. Sonhe e deseje com a mesma intensidade de quando tinha 10 anos. Não perca a magia da vida.
Mostre aos outros o adulto equilibrado que você é, e os deixe ver também que a sua felicidade vem do seu espírito, não infantil, mas de infância.

3 comentários:

  1. Olá Jéssica...passei por aqui para registrar minha presença em seu blog. Sempre estamos acompanhando suas postagens. At+
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  2. ei fato eu li e me identifiquei muito com esse texto Lindo mesmo

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  3. Muuito obrigada!! Pois é... éssa é bem a verdade né... pena que as crianças não nos ouvem dizer isso.

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