O toque áspero pela maciez dos calos; dedos ainda com cor de terra e um rosto de vistas cansadas. O boné ainda está sob teu pensamento, e rio alcançou a bainha da tua calça.
Teu jeito de cansado, de homem estropiado, ainda revelam mais sobre os segredos trocados no lombo que galopou pelo pasto. E por mais rude que tenha sido a prosa, com os lábios na bomba do chimarrão, o beijo virou poesia.
Tua prenda te aguarda na casa, como quem zela pela luz da vela, ao som do violão nativista. Mal sabe ela, que a mão que plantou a soja, é a mesma que treme quando encontra a sua; Mal sabe ela que o sujeito que adestra o bicho, mal consegue consigo, acalentar o coração.
Mal sabe ela, seu peão, que o sol para fora tem outro horário; que o ar por lá tem outro cheiro, e que por mais que tu busque esquecer, é quando a lua encosta na montanha do campo, que teu coração volta a bater.
Pode ser, peão, que tu não saiba sobre literatura; que não tenhas palavras de ternura; ou que mal saiba o significado da rosa vermelha. Mas de pureza tu entende; e apesar dos pesares, aprendeu a ler no olhar da prenda, para dizer com um suspiro, que mesmo que todas as flores do mundo brotassem ao amanhecer, ainda assim, perderiam para o encanto do teu sorriso.
É que talvez, peão, ela ainda não tenho compreendido, que a alma que nasce para lidar com a planta, é a mesma que purifica a saudade, em um compasso meio perdido, de um sentimento meio desajeitado.
E acredite, prenda, é no amor desse peão, que mora a felicidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário