Eu não sou de procurar no calendário o dia do Santo tal; nem aquele que significa comemorar a existência do beijo. Não me pergunte quando é que saldamos o abraço; também não sei de cor a data que celebra o aniversário da cidade.
É, pode até ser que eu tenha uma memória (um pouco) boa, mas decorar signos e seus desdobramentos nunca fez parte da minha essência. Mas sou escritora - ou pelo menos tento.
Nessa busca incessante por sentimentos que surgem no canto da alma, encontrei a necessidade de dizer parabéns quando sinto que alguém ou algo merece.
Pois então... Ouvi dizer que hoje ela está recebendo méritos, que em sua homenagem estão colocando fotos, frases e até mesmo declarações. É seu dia. Dia em que os corações levantam bandeira branca e o telefone toca. Dia em que aquela caixa que estava no fundo do armário vai parar em cima da cama; em que as fotos reveladas recebem o calor das lágrimas.
Ouvi dizer que hoje ela merece perdão; que deseja ser desculpada pela dor que às vezes deixa. Ouvi dizer que essa tal de Saudade até faz bem.
Até pode ser que 'Eu sinto falta' seja uma frase conhecida em qualquer parte do mundo; afinal, sentimos falta de alguém que se foi. De quem quis partir. De uma viagem que ficou impregnada no passado. Sentimos falta do cheiro, do beijo, do gosto. Falta do abraço; ou da fé.
Mas é só aqui, só nosso bom e velho português, que nós, brasileiros calorosos, sentimos saudade.
E saudade é mais forte. Saudade arrepia a alma e mata o orgulho. Saudade desfaz o temor, encurta a curva, cria expectativas.
Hoje é o dia da saudade. Mas é também o dia da infância, dos amores mal resolvidos, das paixões muito bem vividas - mas que acabaram. Hoje é dia daquele aperto que dá no peito, e da palavra perdão.
Hoje é dia de sentar sob o olhar da lua e encarar os nossos medos, de deixar uma mensagem de voz perto da meia noite. De dormir com a esperança renovada.
Hoje é dia da saudade. E do que mais quisermos que seja.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Nova rota
O dia nasceu mais claro. Não sei se é o sol, ou é apenas o reflexo que enxerguei no espelho, logo quando acordei sorrindo.
Onde está aquele grito de liberdade que veio parar em minhas costas quando os pássaros fugiram do céu e viraram tatuagem? Cadê aquela mania boba de sentar atrás da porta e esperar pela próxima ideia mirabolante surgir, onde eu saia correndo, escorregava o arco íris, e mais tarde beijava a lua?
Por onde andam aquelas palavras sem sentido, com sabor de café, que me pediam para registrar um sentimento oculto - ou nem tanto. Talvez esteja lá pelo passado, em uma caixa perdida em meio às tristezas que já apaguei. Não sei.
Talvez o mundo só esteja girando. Escondendo a chuva dos dias de sol, como um beija flor.
Eu andei me perguntando sobre os porquês da vida. Às vezes uma lágrima meio boba e perdida escorria pela face, mas era só o sabor da saudade; uma lembrança que se desfaz aos poucos, dentro de um coração que teima em não dizer adeus.
Mas passa. Passou.
O que ficou? Alivio. Um desejo constante de viver um dia de cada vez. De sair correndo pela calçada e cair na grama molhada. De ir dormir às 5h para acordar às 8h. Ou não acordar; uma vontade de anular o final de semana com a cabeça no travesseiro. De me perder na esquina da cidade vizinha.
O que restou do sonho foi aquela mania de não deixar nada para trás. Mas a ansiedade ficou por lá, perdeu-se.
O caminho agora é leve.
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
2+2=5?!
Pode parecer bobagem, mas eu sou do tipo que se entrega. Daquelas que ou fica sentada na areia queimando ao sol, ou mergulha de cabeça na primeira onda. É certo que às vezes me pego molhando os pés, mas não faz o meu estilo ‘me fazer’ por muito tempo. Eu sou das rótulas bem feitas, dos círculos completos, dos quadrados exatos. Essa história de retângulos não são comigo. Ora se entregar 30 na reta e apenas 10 na dobrada? Não, que sejamos sempre os mesmos, intensos e contínuos. Lógico e exato, como matemática.
:*
Uma despedida sem beijo é como fugir no meio da madruga para roubar flores, e voltar apenas com os riscos na ponta dos dedos, deixados pelos espinhos.
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