Eu não sou de procurar no calendário o dia do Santo tal; nem aquele que significa comemorar a existência do beijo. Não me pergunte quando é que saldamos o abraço; também não sei de cor a data que celebra o aniversário da cidade.
É, pode até ser que eu tenha uma memória (um pouco) boa, mas decorar signos e seus desdobramentos nunca fez parte da minha essência. Mas sou escritora - ou pelo menos tento.
Nessa busca incessante por sentimentos que surgem no canto da alma, encontrei a necessidade de dizer parabéns quando sinto que alguém ou algo merece.
Pois então... Ouvi dizer que hoje ela está recebendo méritos, que em sua homenagem estão colocando fotos, frases e até mesmo declarações. É seu dia. Dia em que os corações levantam bandeira branca e o telefone toca. Dia em que aquela caixa que estava no fundo do armário vai parar em cima da cama; em que as fotos reveladas recebem o calor das lágrimas.
Ouvi dizer que hoje ela merece perdão; que deseja ser desculpada pela dor que às vezes deixa. Ouvi dizer que essa tal de Saudade até faz bem.
Até pode ser que 'Eu sinto falta' seja uma frase conhecida em qualquer parte do mundo; afinal, sentimos falta de alguém que se foi. De quem quis partir. De uma viagem que ficou impregnada no passado. Sentimos falta do cheiro, do beijo, do gosto. Falta do abraço; ou da fé.
Mas é só aqui, só nosso bom e velho português, que nós, brasileiros calorosos, sentimos saudade.
E saudade é mais forte. Saudade arrepia a alma e mata o orgulho. Saudade desfaz o temor, encurta a curva, cria expectativas.
Hoje é o dia da saudade. Mas é também o dia da infância, dos amores mal resolvidos, das paixões muito bem vividas - mas que acabaram. Hoje é dia daquele aperto que dá no peito, e da palavra perdão.
Hoje é dia de sentar sob o olhar da lua e encarar os nossos medos, de deixar uma mensagem de voz perto da meia noite. De dormir com a esperança renovada.
Hoje é dia da saudade. E do que mais quisermos que seja.
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