Será mesmo que ele tem que chegar galopando sob o pelo branco de um relincho que se escuta quando os grilos param de cantar? Será mesmo que precisa ter os olhos claros e um cabelo cor de mel louro esvoaçante, vestindo uma capa azul céu? Será mesmo que ele precisa apaixonar-se perdidamente de cara - olhando em teus olhos pela primeira vez?
Será mesmo que precisavam ter feito mil e uma histórias infantis, narrando príncipes e para sempre invertidos da realidade? Não! Não era necessário. É cansativo abrir quinhentos e noventa e quatro livros e não enxergar defeitos. Quem é que suporta a perfeição, se ela não existe!?
Nós não somos garotas que acordam com os cabelos impecáveis, sem olheiras e com um sorriso estonteante diariamente. Nós não temos um humor de algodão doce, e não vestimos vestidos no joelho, em nossos corpos que raramente são esculturais. Não temos a voz leve como a de um passarinho, e também não somos idolatradas por sete anões.
Aquele clichê de príncipe não existe. Ele não vai bater à sua porta e te pedir em casamento no segundo encontro. O motivo? nós não somos princesas também.
Emocionante e viciante mesmo é a expectativa; as páginas longas que demoram para virar. É a correria de um trabalho que te despenteia e te faz chegar em casa mal humorada, querendo falar só com as paredes. E nesse mundo da mulher real, existem os homens de verdade.
Homem, mas homem de verdade mesmo, não é aquele que brinca de ser super herói. Nem aquele que copia as atitudes do filme de comédia romântica. Cinema, teatro e contos de fada são irreais. Queremos homens de verdade.
Aqueles que te contam uma piada sem graça, que no final tu ri por ri; ri por estar feliz. Homens que te façam cócegas sem esperar que teu corpo se vire em curvas sexys, mas sim uma figura descompensada, que cai com tudo ao chão, depois de tropeçar em um salto 15.
Queremos homens que ofereçam adrenalina. Mas não uma adrenalina de subir em um avião rumo Paris. Queremos a aventura de andar descalços em cima das pedras, só para não estragar o sapato. Queremos essa adrenalina fácil, cotidiana, simples, mas que possamos chamar de nossa.
Queremos aquele homem que não é modelo, pois modelos cansam. Eles ilustram a beleza, mas são estáticos. São parados. São um reflexo intacto de um espelho que quebra aos poucos. Queremos uma gargalhada no meio do filme romântico, só para descontrair, para não te deixar chorar; ou quem sabe, um beijo avassalador em meio à briga desnecessária onde um questiona o outro sobre o porquê do celular estar desligado.
Homem de verdade é aquele que vai te deixar sentada, deitada ou em pé esperando. Sim, eu não confundi a ordem. Ele vai deixar mesmo. Vai esquecer. Mas depois vai pedir desculpas. É que o homem de verdade trabalha. Tem defeitos. Tem compromissos. Tem amigos. Homem que larga tudo por uma mulher, larga também a mulher por algo que ali adiante vai achar mais necessário.
Queremos homens que aumentem a nossa ira, só para mais tarde aumentar a nossa paixão. Homens que esqueçam o relógio, só para não deixar existir monotonia. Que atravessem o universo para te ver, mas que também te peçam para que tomes atitudes.
Queremos homens que exijam mais de nós, mulheres. Que desafoguem os nossos medos com um banho de chuva, ou deitados esperando a lua ir dormir para deixar o sol nascer. Homens que vão chorar e brigar. Que vão te pedir para ficar mais calma. Que vão levantar dúvidas sobre o que realmente querem e que só com o tempo vão descobrir se o que querem está em nós.
E vai dar raiva. Vai dar medo. Vai dar vontade de chutar o balde e sair correndo. Mas faz parte. Faz parte do relacionamento atual. Faz parte das reações de homens e mulheres. De seres humanos que dependem única e exclusivamente de si mesmos para serem felizes.
E quando descobrirmos que a felicidade já faz parte de nossa essência, aí sim esse homem complicado, inconsequente e incrivelmente perfeito irá aparecer. Não para nos completar, mas para partilhar aquilo que a gente vive a vida inteira sem saber descrever, o amor.
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