sexta-feira, 13 de maio de 2011

A Coisa...


Chegou de um jeito manso... não bateu na porta do quarto para não ser percebida. Não fez barulho nem vento.
Quis sussurrar mas temeu falar...
Ela engatinhou por baixo das cobertas e se infiltrou no travesseiro.
Na primeira noite não me disse nada, ficou calada, eu nem a percebi, não a vi nem senti.
Na segunda noite ela se mexeu, tocou meu cabelo e arrepiou minha nuca... senti que algo estava, não errado, mas estranho...
Meu corpo sentiu frio e os olhos procuraram algo, nada enxergava, estava escuro.
Apertei o ursinho de pelúcia e dormi.
Na terceira noite ela entrou em meus olhos e, instantaneamente, lágrimas rolaram pela minha face, cada vez mais intensas...
Na quarta noite, ela percorreu até o coração, e aumentou a pulsação.
Pronto, todos os membros estavam completamente dopados. Eles já não funcionavam como antes. Os olhos inchados das lágrimas que caiam desde a terceira noite; as narinas incomodadas; o coração acelerado; a cabeça doendo; o corpo tremia da cabeça aos pés...
Na quinta noite eu ainda não havia percebido o que era... resolvi procurar um especialista que pudesse me medicar. Afinal, eu não poderia deixar que os sintomas piorassem... essa ‘coisa’ invadiu meus sentidos.
Sai do jeito que estava, coque no cabelo, tênis e moletom...
Ao avistar o especialista a ‘coisa’ enlouqueceu de vez, ela sabia que seria expulsa de mim... o coração ficou apertadinho e o estômago louco de frio...
Eu vi o meu amor, e ele me receitou um abraço...
Senti a invasora sair por meus pés... atravessou o corpo inteiro deixando marcas de que ali esteve...
Eu quis perguntar a ele do que se tratava... mas ao tentar pronunciar as primeiras indagações, meus lábios já tinham a resposta... Encarei seu olhar e disse:
‘que SAUDADE!!!’

3 comentários:

  1. Esta garota tem uma sensibilidade e uma facilidade para escrever, que se não tivesse presenciado a criação deste texto não acreditaria que o tivesse escrito. 10000 este texto Jéssica.

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