sexta-feira, 20 de abril de 2012

O Diário de Uma Glamour - 10ª Edição - 20/04/2012 - Folha do Sul


Páscoa Solidária

            O mês de abril está sendo um doce! Sim, como a Páscoa aconteceu no último dia 08, muitas escolas usaram este tema para trabalhar em sala de aula. No Colégio Nossa Senhora Auxiliadora não foi diferente. O 5º ano na escola possui duas professoras: Cristiane Proença Rodrigues e Geisel Collares dos Santos, que trabalham as disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História, Geografia, Antes e Ensino Religioso Escolar.
            Aproveitando a data, Cristiane e Geisel lançaram na sala de aula o projeto Páscoa Solidária, isto é, uma forma de trabalhar em todas as áreas estudadas e invocar o sentimento de solidariedade nos alunos. “Produção de textos; resolução de problemas; estudo de como funciona o sistema digestório (chocolate); explicação do por que a Páscoa está vinculada ao chocolate; resgate da tradição dos ovos pintados onde os alunos trabalharam com a história sobre a origem da pintura dos ovos e confeccionaram os próprios ovos para presentearem pessoas especiais para eles; o verdadeiro significado da Páscoa e seus símbolos; celebração religiosa e, finalmente, o gesto concreto que foi a doação para a Liga”, relata Cristiane.


A Arrecadação

Quando o projeto foi lançado ficou decidido que a doação não seria de chocolates, mas algo que se assemelhasse, foi então que surgiu a ideia de arrecadar bolachas. Já a instituição escolhida foi por opção própria dos alunos, que deixaram claro que deveria ser uma entidade que ajudasse o próximo, mas que não recebesse fundos do Governo. Ao entrarem em acordo, um deles apontou a Liga Feminina de Combate ao Câncer pelo trabalho voluntário e solidário que ela faz e todos concordaram.
O projeto, que contou com a colaboração de 50 alunos, durou uma semana de arrecadação e surgiram mais que bolachas. Como os alunos pediam tanto em casa quanto para seus amigos e familiares, muitos afirmavam que só tinham leite, e para não perder a ação, os mesmos aceitavam. No final, a maior parte de donativos estava entre bolachas e leite, mas também foram arrecadados massa e arroz.
Às 14h do dia 02 de abril, Márcia Ivanoff, presidente da LFCC, foi chamada ao salão do Colégio Auxiliadora para receber a doação. Tanto ela, quanto as professoras, afirmam não saber o número exato da arrecadação. “Para nossa satisfação, lotamos dois porta-malas grandes, com o tanto que foi arrecadado”, conta Márcia. Aproveitando a oportunidade, a mesmo explicou aos alunos sobre o funcionamento da Liga e os convidou para participar do Pedágio Solidário que acontece no próximo dia 08 de maio, no centro da Cidade.


A Essência da Páscoa

Para Cristiane e Geisel, a experiência que fica é gratificante e até inesquecível, pois puderam ser parceiras de um projeto que sensibilizou os alunos. “A mensagem que deixamos é a de que Páscoa é partilha, é o momento de praticar o amor pelo nosso semelhante, é a busca de uma vida nova começando pela mudança das nossas atitudes, de fazer aos outros aquilo que gostaríamos que fizessem por nós e seguir o exemplo que Cristo nos deixou: ‘Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei’.”, conclui Geisel.   

       

domingo, 15 de abril de 2012

Pelas patas do cavalo

Sim, ele estava a trotear. Sei bem o que sente quando se sobe no lombo daquele cavalo...
Na ansiedade de rumar ao pago, fiquei sentindo o misto que pairava entre o medo e a alegria, num caminho que ia do trote ao galope.
Ali eu era Anita! Sim, a Garibaldi.
Deixei os cabelos soltos ao vento fresco, e pelos dedos, sentia puxar o couro do freio.
Era magia, aquela natureza que não se descreve.
Em meio à ela, vi o céu partir do azul ao vermelho, como uma mancha de sangue ao horizonte.
Era a linha que separava o pasto das nuvens.
E num relance, que mal percebi, enxerguei um pingo brilhante na negritude que estava sob nossa montaria:
Era a primeira estrela que apontava no alto do céu.
Enfim cheguei, pelas patas cansadas, ao meu destino sem planos:
voltei à casa do campo,
iluminada pelo escuro e por dois corações que já batiam no mesmo compasso.



O texto foi criado para uma cadeira da faculdade. A ideia era ter metáforas, comparações e metonímias. Por ter ido para fora e ter andado a cavalo - coisa de nunca - resolvi transformar - ou pelo menos tentar - o sentimento de liberdade e conforto que senti naquele pasto, em cima daquele cavalo.
É uma brincadeira. Uma brincadeira longe da poluição. Fora dos equipamentos elétricos.
Era o pasto, o céu, eu e o cavalo.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O Diário de Uma Glamour - 9ª edição - 05/04/2012 - Folha do Sul


A arte de fazer o bem!



             Hoje começo com uma pergunta clichê: Afinal, vocês sabem o que é caridade? Para a grande maioria, fazer caridade é doar algo material para aqueles que precisam. Num primeiro momento esta afirmativa não está errada, contudo, há muito mais por trás desta ação.

            Quando interagimos com próximo sentimentalmente estamos realmente sendo caridosos, pois se doa, neste caso, carinho. É certo que muitas instituições só sobrevivem com o que é arrecado através da comunidade, mas crianças, adultos e idosos precisam de muita atenção. Afinal, doar carinho é ser humanitário.
           
Hoje, depois de ter contato das ações de vários grupos organizados pelo bem comum, venho contar a trajetória de uma ideia que deu certo.
            Márcia Vasconcellos Vaz, 24 anos, é uma estudante do curso de Comunicação Social que transformou o sentimento de mostrar a alegria e a esperança das pessoas em realidade. O projeto surgiu ainda no ano passado, com vários objetivos, e com a parceria de um grande amigo. Porém, por determinados acontecimentos ele foi cancelado. Só que a ideia nunca morreu e foi isto que levou Márcia a encontrar Carlo Andrei, proprietário do Atelier Coletivo (um bar que busca interagir música e arte) além de ser pintor, e comentou a vontade que tinha de pintar o muro da Fundação José & Auta Gomes. Para a surpresa da jovem, Carlo aceitou na hora, dizendo que inclusive contribuiria com as tintas. Daquele dia em diante, o sonho virou uma espécie de realidade madura.
            Quanto à escolha da Fundação como foco da ação, Márcia deixa claro que desde a primeira reunião foram recebidos com muito carinho no José & Auta Gomes. Lá eles encontraram o que tanto procuram: amor. Ela ainda relata: “Essas pessoas são a gente daqui a alguns anos, não vejo diferença, são iguais a todo mundo, é absurda a ideia de inferioridade que a maioria das pessoas atribui às pessoas mais velhas, eles apenas precisam de mais cuidado, e é isso que queremos mostrar”, afirma Márcia.
            Só que a grande felicidade desta conquista é que não são apenas os idosos da Fundação que estão sendo beneficiados: todo grupo entra e sai com o sentimento de recompensa pelo carinho com que são recebidos. Márcia afirma, inclusive, que isso pode ser percebido no olhar de cada um. A iniciativa mexeu com outros grupos, como o COLETIVARTE SUL, formado por pessoas que desejam unir ideias e projetos com o objetivo de incentivar a cultura através de shows, oficinas, intervenções artísticas de livre expressão, entre outras ações; o SORRO CINECLUBE, que são exibições de filmes em ciclos temáticos mensais, uma atividade aberta ao público sem fins lucrativos; e ATELIER COLETIVO que leva as crianças que estão fazendo a oficina gratuita de pintura e desenho, ministrada pelo pintor Carlo Andrei, para contribuírem com a sua arte nos muros do asilo.
            Márcia e Carlo foram além da ideia das pinturas. Com o objetivo de fazer com que os frequentadores do Atelier participassem dessa ação, Carlo ligou para o músico que tocaria naquele dia à noite e questionou a possibilidade do mesmo tocar à tarde na Fundação. Samuca do Acordeon aderiu à ideia na hora. Como seria um show, tudo aconteceu dentro dos padrões naquele 9 de março: a equipe levou bolo, picolé e refrigerante! Resumo: virou festa!
Depois desta tarde, teve uma outra no estilo Cinema. O Sorro Cineclube levou o longa-metragem do Cineasta bageense Zeca Brito, “O Sabiá”, para ser visto pelos idosos. Após terem visto o filme acompanhado de uma boa pipoca, o casal principal do longa, seu Alcíbio e dona Onélia, fizeram um show para a alegria ficar completa. A tarde terminou em dança e euforia!
            As atividades vão acontecendo de semana em semana, geralmente na sexta-feira, e a ideia é cada vez poder interagir mais com os idosos: “Nossa proposta é contribuir de alguma forma para que essas pessoas se sintam bem, e permaneçam bem. Pintar o muro, arrumar a casa, fazer uma horta, enfim, são coisas que permanecerão lá, que podem fazer a diferença no dia-a-dia deles, além de eventos e atitudes simples, como uma conversa, um mate, um carinho”, conclui Márcia.
            O tão sonhado muro pintado ainda está para acontecer. Neste dia, que ainda não está marcado no calendário, não haverá show, pois a interação será através da arte, além de muita conversa e fotografia.
A ideia de doar carinho
Antes de colocar em prática o projeto, Márcia fez contato com a Fundação onde conversou com a Assistente Social Karen. Ao questionar sobre qual a maior carência de doações, a resposta foi clara: além de fraldas geriátricas – que1 são utilizadas em média 2000 por mês – e leite – em média 40 litros por dia – a maior necessidade é o carinho.
         Foi assim que Márcia concluiu: “Eles necessitam desse material básico para sobreviver, mas carinho e amor são necessidades básicas para qualquer pessoa, em qualquer idade, aproveitar a vida. Doar carinho é uma prova de amor à vida”.