A arte de fazer o bem!
Hoje
começo com uma pergunta clichê: Afinal, vocês sabem o que é caridade? Para a grande maioria, fazer
caridade é doar algo material para aqueles que precisam. Num primeiro momento
esta afirmativa não está errada, contudo, há muito mais por trás desta ação.
Quando
interagimos com próximo sentimentalmente estamos realmente sendo caridosos,
pois se doa, neste caso, carinho. É certo que muitas instituições só sobrevivem
com o que é arrecado através da comunidade, mas crianças, adultos e idosos
precisam de muita atenção. Afinal, doar carinho é ser humanitário.
Hoje, depois de ter contato das ações de vários
grupos organizados pelo bem comum, venho contar a trajetória de uma ideia que
deu certo.
Márcia
Vasconcellos Vaz, 24 anos, é uma estudante do curso de Comunicação Social que
transformou o sentimento de mostrar a alegria e a esperança das pessoas em
realidade. O projeto surgiu ainda no ano passado, com vários objetivos, e com a
parceria de um grande amigo. Porém, por determinados acontecimentos ele foi
cancelado. Só que a ideia nunca morreu e foi isto que levou Márcia a encontrar Carlo
Andrei, proprietário do Atelier Coletivo (um bar que busca interagir música e arte)
além de ser pintor, e comentou a vontade que tinha de pintar o muro da Fundação
José & Auta Gomes. Para a surpresa da jovem, Carlo aceitou na hora, dizendo
que inclusive contribuiria com as tintas. Daquele dia em diante, o sonho virou
uma espécie de realidade madura.
Quanto
à escolha da Fundação como foco da ação, Márcia deixa claro que desde a
primeira reunião foram recebidos com muito carinho no José & Auta Gomes. Lá
eles encontraram o que tanto procuram: amor. Ela ainda relata: “Essas pessoas são a gente daqui a alguns anos, não
vejo diferença, são iguais a todo mundo, é absurda a ideia de inferioridade
que a maioria das pessoas atribui às pessoas mais velhas, eles apenas precisam
de mais cuidado, e é isso que queremos mostrar”, afirma Márcia.
Só que a grande felicidade desta conquista é que não são
apenas os idosos da Fundação que estão sendo beneficiados: todo grupo entra e
sai com o sentimento de recompensa pelo carinho com que são recebidos. Márcia
afirma, inclusive, que isso pode ser percebido no olhar de cada um. A
iniciativa mexeu com outros grupos, como o COLETIVARTE SUL, formado por pessoas
que desejam unir ideias e projetos com o objetivo de incentivar a cultura
através de shows, oficinas, intervenções artísticas de livre expressão, entre outras
ações; o SORRO CINECLUBE, que são exibições de filmes em ciclos temáticos
mensais, uma atividade aberta ao público sem fins lucrativos; e ATELIER
COLETIVO que leva as crianças que estão fazendo a oficina gratuita de pintura e
desenho, ministrada pelo pintor Carlo Andrei, para contribuírem com a sua arte
nos muros do asilo.
Márcia e Carlo foram além da ideia das pinturas. Com o
objetivo de fazer com que os frequentadores do Atelier participassem dessa
ação, Carlo ligou para o músico que tocaria naquele dia à noite e questionou a
possibilidade do mesmo tocar à tarde na Fundação. Samuca do Acordeon aderiu à
ideia na hora. Como seria um show, tudo aconteceu dentro dos padrões naquele 9
de março: a equipe levou bolo, picolé e refrigerante! Resumo: virou festa!
Depois desta tarde, teve uma outra no estilo Cinema.
O Sorro Cineclube levou o longa-metragem do Cineasta bageense Zeca Brito, “O
Sabiá”, para ser visto pelos idosos. Após terem visto o filme acompanhado de
uma boa pipoca, o casal principal do longa, seu Alcíbio e dona Onélia, fizeram
um show para a alegria ficar completa. A tarde terminou em dança e euforia!
As atividades vão acontecendo de semana em semana,
geralmente na sexta-feira, e a ideia é cada vez poder interagir mais com os
idosos: “Nossa proposta é contribuir de alguma forma para que essas pessoas se
sintam bem, e permaneçam bem. Pintar o muro, arrumar a casa, fazer uma horta, enfim,
são coisas que permanecerão lá, que podem fazer a diferença no dia-a-dia
deles, além de eventos e atitudes simples, como uma conversa, um mate, um
carinho”, conclui Márcia.
O tão sonhado muro pintado ainda está para acontecer.
Neste dia, que ainda não está marcado no calendário, não haverá show, pois a
interação será através da arte, além de muita conversa e fotografia.
A ideia de doar carinho
Antes de colocar em prática o projeto, Márcia fez
contato com a Fundação onde conversou com a Assistente Social Karen. Ao
questionar sobre qual a maior carência de doações, a resposta foi clara: além
de fraldas geriátricas – que1 são utilizadas em média 2000 por mês – e leite –
em média 40 litros por dia – a maior necessidade é o carinho.
Foi
assim que Márcia concluiu: “Eles necessitam desse material básico
para sobreviver, mas carinho e amor são necessidades básicas para qualquer
pessoa, em qualquer idade, aproveitar a vida. Doar carinho é uma prova de
amor à vida”.
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