domingo, 15 de abril de 2012

Pelas patas do cavalo

Sim, ele estava a trotear. Sei bem o que sente quando se sobe no lombo daquele cavalo...
Na ansiedade de rumar ao pago, fiquei sentindo o misto que pairava entre o medo e a alegria, num caminho que ia do trote ao galope.
Ali eu era Anita! Sim, a Garibaldi.
Deixei os cabelos soltos ao vento fresco, e pelos dedos, sentia puxar o couro do freio.
Era magia, aquela natureza que não se descreve.
Em meio à ela, vi o céu partir do azul ao vermelho, como uma mancha de sangue ao horizonte.
Era a linha que separava o pasto das nuvens.
E num relance, que mal percebi, enxerguei um pingo brilhante na negritude que estava sob nossa montaria:
Era a primeira estrela que apontava no alto do céu.
Enfim cheguei, pelas patas cansadas, ao meu destino sem planos:
voltei à casa do campo,
iluminada pelo escuro e por dois corações que já batiam no mesmo compasso.



O texto foi criado para uma cadeira da faculdade. A ideia era ter metáforas, comparações e metonímias. Por ter ido para fora e ter andado a cavalo - coisa de nunca - resolvi transformar - ou pelo menos tentar - o sentimento de liberdade e conforto que senti naquele pasto, em cima daquele cavalo.
É uma brincadeira. Uma brincadeira longe da poluição. Fora dos equipamentos elétricos.
Era o pasto, o céu, eu e o cavalo.

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