Hoje participei de uma palestra bastante interessante. Começou às 19h e terminou perto das 22h. Cansativa? Nem um pouco!
Para falar bem a verdade, diversas vezes me peguei de queixo caído, não apenas com a simplicidade mas também com jeito simpático de contar a vida. Quem o vê assim falar, não arrisca listar todos os países e personalidades que sua lente fotografou. Ele é Ricardo Chaves, o Kadão do Jornal Zero Hora.
Não é segredo para ninguém que o ZH é considerado o melhor jornal do estado e um dos melhores do Brasil. É de se esperar que seus profissionais estejam, portanto, a seu nível. A questão é que nunca sabemos o que realmente é qualidade, e quais os fatores para tê-la. Devemos ser bons? Termos visão? Quem sabe um bom equipamento? Falar inglês? Vai saber... Mas o que eu acho que Kadão tem é foco. Sim, foco na maneira de ver a vida e os acontecimentos. Fotografar e deixar-se levar pela emoção do momento. Ver a morte e o terror de perto e mesmo assim continuar. Passar por determinados traumas - quem não os tem - e acreditar que ainda é possível fazer o melhor. Ser o melhor sem se deixar entorpecer por este sentimento.
Se eu poderia estar escrevendo isto eu não sei. Espero que sim e, caso contrário, espero que isto não de em nada negativo. São palavras que saem do pensamento. Como pássaros que saem pela portinhola da gaiola.
Tenho a mania (não sei se boa ou ruim) de escrever tudo, ou quase - pelo menos, que escuto e vejo. Hoje não foi diferente. As frases mais marcantes, as datas mais importantes, os momentos mais emocionantes, todos na ponta da caneta e rabiscados no papel. Feito a mão.
Estagiário, com 18 anos, em 1970, na Zero Hora. 20 anos longe do jornal, e finalmente ele diz "Depois de 20 anos, voltei para o lugar onde comecei". São relatos que mostram editoras conhecidas e almejadas por muitos jornalistas: Veja, Isto É, Abril... fotos publicadas em jornais internacionais.
Eu detesto frio, mas confesso que fiquei maravilhada com a ideia de um dia poder ir à Sibéria, sentir os -47ºc. Segundo Kadão, um frio praticamente insuportável.
De várias mensagens que ele ia deixando, uma me tocou: "Não morram! Se não for por vocês, pelos pais e pela dor que vocês vão causar", e depois completou: "Cuidem-se! Que é para daqui há 40, 60 anos, vocês possam fazer uma palestra para contar sobre a vida de vocês". Nem preciso dizer estas foram as últimas palavras do discurso, que terminou com uma salva de palmas tão extensa que não lembro de outra assim. Quando ele disso isso, estava se referindo à um projeto chamado "Vidas Ausentes", onde eram feitas fotos do quartos de jovens que morreram em acidentes e deixaram seus quartos congelados no tempo. Então pudemos ver a emoção de cada pai, e nos emocionamos juntos... Com as palavras, com as imagens, com o foco dado à reportagem.
No final eu só queria uma foto. Uma personalidade jornalistica desta na minha frente, menos de dois metros e eu ali, completamente estática, abismada e, adivinhem? com vergonha.
Não é novidade que o meu sonho, ou os meus planos - de um modo mais realista e concreto - é chegar no Grupo RBS. Já perdi as contas de quantas foram as vezes que me deparei com profissionais da área e da empresa e fiquei do mesmo jeito que hoje: parada, no meu canto, vendo todos se aproximarem e conversarem.
Quem sabe, na feliz ilusão desta sonhadora, um dia eu possa estar a frente de uma Universidade, palestrando sobre o ramo da reportagem...
Ah, eu tirei a foto.
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