sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

O que resta de nós

Teus passos estão diferentes. Ainda é o mesmo jeito de caminhar, mas pra outra estrada que a cada dia te deixa mais longe da minha. Teu olhar tá tão diferente, mesmo que ele continue me dizendo verdades - e é delas que tenho medo. O teu toque já não é mais o mesmo, ainda que tu sempre continue inventando motivos pra me agarrar, agora com a intenção de me incomodar. Os traços do teu sorriso se inverteram, porém quem acompanha os teus suspiros a cada um deles já não é a pessoa que te escreve.
Tenho tentado diariamente me tratar dessa falta que sinto de ti. E me entorpeço da tua ausência até quando tu me abraça. Teus braços que antes envolviam a minha cintura, hoje são apenas dedos que mais criticam o que antes tu admirava. Da tua boca já não saem poesias, mas textos que encontra ao buscar no telefone uma resposta que te faça entender a tua decisão.
Ah essas escolhas que a gente faz. Ah essas renúncias que a gente vive.
Pudera eu poder voltar aquele relógio e escrever por mais vezes o quanto era bom te ter ao meu lado. Ah se eu pudesse te prender dentro do que um dia tu sentiu, e se pudesse te mostrar o passado de uma maneira diferente. Como queria encarar a tua cara (que antes era de boba por gostar de ouvir a minha gargalhada) e não essa que escreve na tua testa o quanto tu lamenta por não conseguir voltar.
Se eu pudesse te faria crer que é possível. Mesmo que impossível seja não ver que já não temos conserto.
Mas ainda assim eu sigo aqui, sentada na tua varanda que me faz ficar longe, mas não tão distante quanto a distância que já existe entre o que sobrou do que até então chamávamos de "nós".

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