Eu nunca fui exemplo de filha, mesmo com as notas altas no colégio e o desejo constante de trabalhar, eu discuto todos os dias em casa - ou quase todos. Eu nunca fui exemplo de amiga, apesar de buscar ouvir sempre que necessário, às vezes eu me perco em meu mundo e esqueço de aparecer para o mate que há tanto tempo prometi. Eu nunca fui exemplo de namorada, mesmo amando e mimando, minha insegurança - em todos os sentidos - fazia que com que eu falhasse diversas vezes. Eu nunca fui exemplo de neta, apesar de possuir um amor incondicional por meus avós, confesso que há uns nove meses eu não durmo na casa deles por saber que lá tem aranha. Eu nunca fui exemplo de funcionária, mesmo que eu procure mostrar serviço e fazer o que está ao meu alcance, meu lado emocional me faz perder o controle...
Na verdade eu nunca fui exemplo de nada, nem de bailarina, nem de aluna, nem de colega, nem de vizinha, de nada. Eu sempre busquei fazer aquilo que achava certo, mas o que é correto para mim é completamente errado para meu semelhante... a vida é assim mesmo, um ciclo que se fecha para uns e recomeça para outros. Talvez você nunca descubra qual é o verdadeiro sentido dessa roda que gira constantemente, que às vezes te dá enjoo, mas que você ainda não descobriu onde fica o interruptor para apagar as luzes e mentalizar o sossego.
Eu sei que existem dias de luto, dias de glória, dias de riso e também de lágrimas; sei que um dia é da caça, o outro, do caçador. Um dia você perde, noutro, ganha. Talvez você só não esteja pronto ainda para começar a jogar este viciante game que não possui a tecla 'resete', mas, enfim, agora que pegou o controle, é melhor ir até o final.
Eu gosto de falar de amor, de estar entre meus amigos, de conhecer gente nova, de acampar, de reunir uma galera para dançar, de cantar todas as músicas do Armandinho, de respirar ar puro, de escrever, de amar. Eu gosto de reciprocidade, mesmo que na maior parte dos casos eu não ganhe o sentimento recíproco. Eu gosto de me declarar, de falar o que sinto, de gritar aos quatro cantos aquilo que está me apertando a alma. Eu gosto de brincar com meus afilhados, de pegar criança no colo, de tirar e também ser fotografada. Eu gosto de comer chocolate, assim como meu restaurante favorito é a barraquinha de pancho da Luisa. Eu gosto de perdoar, de acreditar mais uma vez, e outra, e outra e mais uma... eu gosto de acreditar sempre: acreditar em um mundo melhor, na paz, na esperança, na mudança, no tempo... eu gosto de ter certeza de que Deus está tão presente em minha vida quanto o ar que me é necessário para viver. Eu gosto de acreditar em Adão e Eva e em tudo aquilo que muitos duvidam... e sabe qual o motivo de eu ser exatamente assim? Eu tenho fé no meu coração, eu tenho bondade na minha alma...
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