Eu nunca imaginei que a dor seria tão forte, do tipo que escorre pelos olhos e tranca uma angústia na alma quase incurável, pelo menos por enquanto. Talvez eu ainda não tenha aprendido o que aconteceu - até ontem. Pois é, a vida é assim mesmo, um rio que transborda alegria e outras vezes tristeza. Bem, me conheces bem, e já deves imaginar que agora venho para meu refugio, onde deixo que muitas palavras tentem acalmar aquilo que não possui consoantes nem vogais.
Eu preciso admitir que até hoje Armandinho faz falta da minha trilha sonora e, cada vez que ouço aquela voz carregada de reggae, eu lembro dos teus cabelos ao vento e os dedos no violão, cantarolando alguma coisa que sempre terminava em 'eu te amo'. Pois é, meu bem, mas o tempo passa e voa... já são seis meses e ontem pareciam apenas seis dias. E é aí que percebemos que independente da idade, em algumas situações somos para sempre crianças, que querem correr para qualquer colo e implorar por um por do sol que te faça lembrar daquilo que tanto quer esquecer.
Quando eu pensei que tudo estava completamente esclarecido eu te encontrei, no seu mundo feliz, contente, e eu aqui, desesperada por saber tudo o que eu preciso fazer e vendo meu coração quebrar em mil caquinhos de um cristal que era forte e brilhoso. Nosso amor foi desmerecendo com os segundos e eu já nem sei mais quem é o cara que vive atrás destes teus olhos negros... será que teu coração ainda bate quando toma café naquela xícara? o meu ainda salta quando encontro a tua camisa que ficou em meio aos meus vestidos...
Como uma bomba, a realidade destruiu o meu sorriso e eu juro, tentei não chorar... tentei e consegui não reagir por impulso. Eu poderia ter dado o troco, ter aproveitado as tantas situações que surgiram durante toda noite, mas aí eu teria deixado de ser aquela menina dos olhos cativantes e cabelos encaracolados por quem tu te apaixonou. Talvez a maturidade, neste ponto, tenha me dado de presente a consciência e então era mais fácil ficar encarando a tua mão que agarrava outra cintura e eu ali, completamente avulsa em meio ao mundo que eu até então fazia parte.
Talvez você nunca acredite, mas durante a semana tive vontade de te procurar só para contar sobre o meu novo corte de cabelo; para falar sobre a água doce de São Lourenço; para dizer que tu ainda residia dentro de mim, num espaço que eu reservei para ser para sempre teu... mas talvez eu tenha decidido isso tarde demais e aí já não era mais a minha vez... a fila andou, a chuva caiu e o cenário mudou para que outra história começasse a ser contada, mas desta vez sem o meu personagem... nem como principal, nem como figurante.
Eu sei que essa dor, essa ardência no peito que mais parece cachaça pura na garganta com toques de menta vai passar... pode ser que acompanhe aos poucos o ponteiro do relógio de pulso que eu não carrego, ou que sente, coloque uns óculos de sol e curta um pouco o meu corpo, que é para eu aprender mais devagar como é ver a vida mudar.
Não era para ser assim... eu juro que eu tentei me preparar todas as noites para passar por isso e eu falhei; errei aos 44 do segundo tempo, de um jogo que não tem prorrogação, mas um minuto às vezes é suficiente... afinal, com 60 segundos temos a oportunidade de pensar em 60 coisas diferentes...
Você deve saber que neste momento eu estou com aqueles fones de ouvido, escutando algo que particularmente eu deveria jogar pela janela, mas a dor é assim mesmo, pelo menos a dor de amor, você precisa constantemente sentir para um dia conseguir compreender. Afinal, é estudando que se aprende...
Você vai ser sempre o primeiro, e esse é pra sempre, pois um dia toda essa dor a alma esconde.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPermita-se trocar de trilha sonora. Use seu dom jornalístico para descobrí-la. Ela pode estar bem perto e você ainda nem percebeu. E que esta nova trilha fortaleça sua alma. Assim você não precisará esconder nada.
ResponderExcluirDon't give up!