segunda-feira, 25 de março de 2013

Se ficou no passado, deixa lá...

Às vezes eu sinto falta do que não tive, do que sonhei ter e daquilo que desisti. Sinto falta do passado, de um futuro prometido e de um presente que resvala entre os dedos a cada manhã. Sinto falta do cheiro, do pesadelo, do abraço e até mesmo do amasso. Sinto falta do que era pra ter sido, do que nunca deveria ter terminado e daquilo que ficou para trás sem que percebêssemos. Sinto falta...

Talvez estejamos aqui, de olhos fechados, focados em uma lembrança que nunca deixará de ser apenas saudade. Gastando forças e esperança com uma história que já teve ponto final, mas que você segue todos os dias tentando acrescentar mais dois e transformar a dor em reticências. Talvez você não tenha percebido que a estrada continua sendo a mesma, mas que passos já foram dados, o relógio já passou mil vezes pelo mesmo horário e as circunstâncias mudaram. Talvez você esteja precisando de um choque de realidade, para deixar seu mundo cor de rosa e vir viver um pouco desse mundo adulto.
Eu sei que falar é fácil, que fazer é quase impossível e que acreditar é inaceitável, mas uma hora temos que admitir que o que passou, passou. Então você fecha a porta do quarto e com o mesmo chaveiro vai colocando cadeados no coração, na mente e até mesmo na esperança de ser feliz. Chaveia com todas as travas de segurança das novas possibilidades e tranca o desejo em alguma parte do corpo que você ainda não descobriu onde fica. E então a vida passa, e você fica. Fica sozinho, fica isolado, fica esperando por um alguém que não vai voltar, que não vai chegar. O avião vai continuar indo e vindo e aquele amor do passado estará lá, talvez louco para largar tudo, mas então você percebe que passou tempo demais. A cor do cabelo talvez tenha mudado, o sorriso amadureceu, a ideologia é outra. Talvez o seu doce preferido também não seja mais o mesmo e, de repente, você se pega pensando no que precisa fazer para agradar.. só que já não se sabe mais nada... nem mesmo o perfume para imaginar um abraço que ficou marcado nas linhas do tempo.
Talvez neste exato momento você já esteja bolando mais um plano para conquistar aquilo que ficou no fundo do quintal do seu pensamento. Talvez você já tenha montado as armas, visto toda munição, mas esqueceu de um pequeno detalhe: enquanto você fica com os olhos cerrados de lágrimas por ver a lua dormir, perde a oportunidade de ver o sol nascer.
Deixe o que ficou ficar. Mas aprenda a dar valor para os presentes que a vida lhe dá, afinal, até a nomeclatura do 'hoje' é presente...
Um dia você vai cansar de errar. Cansar de cair. Nesse dia você vai perceber que enquanto estiver pensando no que passou, você vai continuar deixando passar o que todos os dias a vida lhe dá... e, acredite, viver arrependido não é uma das maneiras de ser feliz.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Idade: 21 anos

Depois de um tempo você aprende a dar valor para as vezes que deixou de ficar até mais tarde brincando de boneca para aprender a passar delineador. Tem saudade dos dias que passava a noite acordado brincando no site do Pica Pau Amarelo e não no bate papo. Das vezes que você chorou por ter caído de bicicleta e não por ter machucado o coração. Depois te um tempo você percebe que é errado tentar crescer antes de estar preparado para enfrentar o que o mundo lá fora exige. Talvez ficar no seio da mãe seja muito mais confortável que ir trabalhar todos os dias de manhã - faça chuva ou sol.
Quando você não pode mais mentir que está com dor de garganta, e tem que começar a arcar com as contas, você percebe o quanto seus 'problemas' eram pequenos e que grande, na verdade, era a sua mania de reclamar de tudo. De todos. Toda hora.
Hoje, com 21, eu vejo que com 15 anos eu sabia tão pouco sobre o universo, e hoje sei menos ainda, pois quanto mais o tempo passa, mais percebemos que ele é muito grande, infinitamente grande e que será impossível ter solução para todas as barreiras, então você precisa cair uma, duas, dez vezes até conseguir ficar equilibrado - mas uma hora você vai conseguir. Só que quando você já estiver pronto, vai surgir um outro obstáculo e a cadeia de dificuldades segue sempre na mesma proporção.
Sei lá, já perdi as contas de quantas vezes me apaixonei - foram muitas. Algumas, três vezes por ano, outras, uma vez a cada três. Independente da ordem, que neste caso altera o resultado, eu deixei escorrer lágrimas que nunca deveriam ter saído do coração. Mas é assim mesmo, refrescando a pele com um líquido morno que você sente que nem tudo na vida vale a pena. Eu sei que com o dobro da idade que hoje tenho eu terei mais que o dobro de maturidade, mas eu não acredito nesses conselhos que dizem que mais tarde tudo passa e você aprende a ser menos emotivo. Eu acho que daqui há 21 anos eu continuarei apaixonada - talvez pelo meu namorado, pelo meu marido, ou por um cara qualquer que - pra variar - me enrolou. Mas eu vou estar com este mesmo coração, agora com rugas, tentando alegrar a vida de outra pessoa, como faço hoje, como fiz ontem... Eu não sei é azar, ou se é sorte, mas venho caindo tombos que me mostram o quanto eu tenho a aprender e vejo que não vai adiantar continuar insistindo. Então é preciso dar tempo ao tempo e essa é uma das frases mais bobas e mais verdadeiras que eu já ouvi na vida. Ora, dar tempo ao tempo, que mané tempo, eu quero hoje, pra ontem, e aí dá tudo errado. De um jeito afobado você perde o foco, a razão e corre pessoas que dali há uns meses poderiam estar sentado com você no banco de um carro indo ver o pôr do sol. Mas não, você prefere ligar mil quinhentas e noventa e quatro vezes, enviar seis mil quatrocentas e oitenta e duas mensagens e verificar se a pessoa está online durante as 24h que seu telefone está ligado...
Com 1 ano eu aprendi que o mundo não é só o berço. Com 5 eu comecei a descobrir que coleguinhas são diferentes das amiguinhas. Com 10 eu queria dar a volta ao mundo com uma bicicleta. Com 15 o sonho era ter um namorado. E com 21 eu descobri que é mais fácil uma criança de um ano fazer amigos, encima de uma bicicleta do que encontrar um amor de verdade, pois crianças não têm medo de cair, nem de arriscar, nem de se magoar, já os adultos lutam todos os dias com aquilo que é novo. É tão mais fácil ser criança, pois crianças são corajosas e diferente do que pensamos, elas sim são fores.

É preciso mudar!


Se eu disser que sou a mesma todas as manhãs estou mentindo. Eu mudo a cada nascer do sol, a cada aparecer da lua. Mudo quando acho necessário, quando não quero, e na maioria das vezes até sem perceber. Mudo quando encontro uma flor, quando esbarro em uma pedra, quando bato o pé na quina da mesa ou quando levando de mau humor. Mudo quando choro, quando dou risada, quando vou ao mercado e quando chego da faculdade. Mudo cada vez que ligo o computador, quando vejo uma mensagem no celular, ou quando alguém comenta algo na rede social. Mudo pela essência de ser alguém diferente a cada ação, a cada reação, a cada novo acontecimento, seja comigo ou com o cachorro da vizinha. Mudo de acordo com as estações, com as cores, com os casacos que tiro e guardo no armário. Mudo por ser pisciana, por ser mulher, por ser estudante, por ser trabalhadora, por ser comunicadora. Mudo por ver a necessidade de ver o mundo mudar. Mudo por entender que a mudança começa dentro de casa, na educação, na diversidade. Eu mudo quando vejo que não agradei, ou quando tento ser melhor do que eu consegui ser. Mudo para ser feliz, para deixar menos lágrimas cair, para voltar ao final do dia para casa e sentir que algo mudou. Mudo por acreditar na esperança, no recomeço, naquele jogo de dar a volta por cima. Mudo para ver se na próxima volta eu sou eleita, a escolhida, a menina dos olhos de cor comum - mas que brilham pela felicidade alheia. Mudo a cada sorriso que nasce no canto da boca, e a cada palavra dita por dizer, pela absurda vontade de pronunciar aquilo que o coração implora e a razão censura. Mudo pelo doce prazer de dizer 'mudei', pela recordação que será diferente, pela plantação de lembranças, pela colheita de fatos que só mudando poderemos ver. Mudo para não ter um mundo preto e branco, mas para não viver apenas no cor de rosa. Mudo para sentir o vento do lado direito e amanhã ir para o esquerdo. Mudo para poder pular e ser chamada de doida, e para amanhã rir e pensar 'como fiz isso?'. Mudo para não cair na rotina, para não me deixar levar pelas consequências, para não ficar triste por mais de uma semana. Mudo para sentar atrás da porta, encarar as fotos que estão na parede e depois retirá-las de lá, para mudar o ambiente, os ares. Mudo de perfume. Mudo de sentimento. Inverto as coisas. Troco a rota. Eu mudo para que um dia eu possa sentar em uma poltrona e contar para meus netos que a vida é assim mesmo: uma mudança constante. Ninguém é 100% feliz; ninguém é 100% triste. A vida é feita de momentos de alegria e de dor e é por isso que precisamos estar sempre mudando.

terça-feira, 5 de março de 2013

Ahh, dói!

Dói quando se perde um pedaço, quando já não sabe as horas, tampouco o horário que ele acordou. Dói quando você não possui mais planos, já perdeu as contas e até a esperança. Dói quando o sorriso não é mais seu, quando você deixa de ser o primeiro a dar bom dia, ou quando o seu nome deixou de existir na agenda.
Dói quando o carro passa sozinho, e mais ainda quando a companhia não é você. Dói quando o passado é enterrado, quando as lágrimas passam a ser sua companheira noturna. Dói quando você deixa de descobrir através do olhar que até então era inspirador, ou quando você simplesmente passa a viver em uma realidade despida de sonhos e fantasias.
Dói quando a mão já não é sua, o coração já não acelera, as velas já não acendem. Dói quando as propostas acabam, quando o desejo se desfaz, quando a imensidão passa a ser um lago criado pela chuva do verão passado.  Dói quando o telefone não toca, ou quando você não tem retorno.

Pois é... dói a dor de perder, de querer, de sentir sozinho. Dói ter ciúmes do que não é seu, do que nunca foi. Dói engasgar, ter ainda tanto a dizer e tempo algum. Dói ficar perdido por aí, como uma estátua que no meio da praça aos poucos é esquecida.
Talvez você saiba a dor de cada uma destas perdas, mas a maior delas é saber que o erro começou quando você disse "não sei"...

- Deixe de pensar 'e se', pois é muito pior quando o pensamento passa para "podia ter..."...