quinta-feira, 21 de março de 2013

Idade: 21 anos

Depois de um tempo você aprende a dar valor para as vezes que deixou de ficar até mais tarde brincando de boneca para aprender a passar delineador. Tem saudade dos dias que passava a noite acordado brincando no site do Pica Pau Amarelo e não no bate papo. Das vezes que você chorou por ter caído de bicicleta e não por ter machucado o coração. Depois te um tempo você percebe que é errado tentar crescer antes de estar preparado para enfrentar o que o mundo lá fora exige. Talvez ficar no seio da mãe seja muito mais confortável que ir trabalhar todos os dias de manhã - faça chuva ou sol.
Quando você não pode mais mentir que está com dor de garganta, e tem que começar a arcar com as contas, você percebe o quanto seus 'problemas' eram pequenos e que grande, na verdade, era a sua mania de reclamar de tudo. De todos. Toda hora.
Hoje, com 21, eu vejo que com 15 anos eu sabia tão pouco sobre o universo, e hoje sei menos ainda, pois quanto mais o tempo passa, mais percebemos que ele é muito grande, infinitamente grande e que será impossível ter solução para todas as barreiras, então você precisa cair uma, duas, dez vezes até conseguir ficar equilibrado - mas uma hora você vai conseguir. Só que quando você já estiver pronto, vai surgir um outro obstáculo e a cadeia de dificuldades segue sempre na mesma proporção.
Sei lá, já perdi as contas de quantas vezes me apaixonei - foram muitas. Algumas, três vezes por ano, outras, uma vez a cada três. Independente da ordem, que neste caso altera o resultado, eu deixei escorrer lágrimas que nunca deveriam ter saído do coração. Mas é assim mesmo, refrescando a pele com um líquido morno que você sente que nem tudo na vida vale a pena. Eu sei que com o dobro da idade que hoje tenho eu terei mais que o dobro de maturidade, mas eu não acredito nesses conselhos que dizem que mais tarde tudo passa e você aprende a ser menos emotivo. Eu acho que daqui há 21 anos eu continuarei apaixonada - talvez pelo meu namorado, pelo meu marido, ou por um cara qualquer que - pra variar - me enrolou. Mas eu vou estar com este mesmo coração, agora com rugas, tentando alegrar a vida de outra pessoa, como faço hoje, como fiz ontem... Eu não sei é azar, ou se é sorte, mas venho caindo tombos que me mostram o quanto eu tenho a aprender e vejo que não vai adiantar continuar insistindo. Então é preciso dar tempo ao tempo e essa é uma das frases mais bobas e mais verdadeiras que eu já ouvi na vida. Ora, dar tempo ao tempo, que mané tempo, eu quero hoje, pra ontem, e aí dá tudo errado. De um jeito afobado você perde o foco, a razão e corre pessoas que dali há uns meses poderiam estar sentado com você no banco de um carro indo ver o pôr do sol. Mas não, você prefere ligar mil quinhentas e noventa e quatro vezes, enviar seis mil quatrocentas e oitenta e duas mensagens e verificar se a pessoa está online durante as 24h que seu telefone está ligado...
Com 1 ano eu aprendi que o mundo não é só o berço. Com 5 eu comecei a descobrir que coleguinhas são diferentes das amiguinhas. Com 10 eu queria dar a volta ao mundo com uma bicicleta. Com 15 o sonho era ter um namorado. E com 21 eu descobri que é mais fácil uma criança de um ano fazer amigos, encima de uma bicicleta do que encontrar um amor de verdade, pois crianças não têm medo de cair, nem de arriscar, nem de se magoar, já os adultos lutam todos os dias com aquilo que é novo. É tão mais fácil ser criança, pois crianças são corajosas e diferente do que pensamos, elas sim são fores.

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