Chega uma hora na vida que a gente precisa dar um rumo pra
ela. Que arrumar a própria agenda é mais importante que perguntar aos amigos
qual é a balada da noite. Bem, aí tudo passa a ficar na sua zona de
tranquilidade. Eu demorei para chegar nela.
Por muitas vezes eu me perdi em meu compasso. Desaprendi a
abotoar as camisas e a amarrar os sapatos. Fui dependo de sorrisos alheios para
continuar a piada, e de ligações intermináveis para que eu pudesse terminar a
quadra. Meus passos deixaram de ser meus; foram nossos. Mas uma hora – depois de
beirar a loucura, de arrancar os cabelos e de se sentir vazia – tudo começa a
fazer sentido.
Já não tenho mais planos – nem para o sábado à noite. Quem sabe
eu jogue banco imobiliário, ou invista no cobertor, filmes e a companhia do
travesseiro, apenas. Honestamente? Não sei. Deixei as viagens para a semana de
serem realizadas. Tranquei a agenda que ficava dentro da bolsa em uma gaveta do
quarto.
Dizem que a maior de todas as loucuras é aquelas que vêm do
amor. Pois bem, eu acredito que estavam certos. Mas talvez eu só não esteja
mais louca por uma loucura. Quem sabe eu só precise praticar os exercícios de
inglês que só pego na quarta-feira de manhã; ou os livros sobre a história da
educação, que só encontro na sexta-feira.
Tiririca, no alto de sua figura cômica, disse ‘muitas vezes
tentei fugir de mim, mas aonde eu ia, eu tava’. É... Eu estava lá. Quando corri
do estado, encontrei meus problemas ao encarar o mar; quando deitei e fechei os
olhos, catei meus medos em sonhos que me arrancaram a paz. E se é para eu estar
comigo mesma até o final, que me encontrem aqueles que querem ficar, e não os
que pedem para eu sair de mim, para ser o que precisam.
Por muitas vezes eu só queria te fazer sorrir. E aí acabou.
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