Tipo João.

Deveríamos ser como o João-De-Barro, que até onde contam, formam casais para a vida toda. Segundo artigos, eles são admirados por serem trabalhadores e por cultivarem um ao outro até o fim de suas vidas. Uma entrega ao 'amor'.
São aves que se dedicam ao trabalho inteligente de construirem suas casas, sendo fieis no tempo que sobra.
Como eu queria que fôssemos como esse João...
É tão difícil fazer promessas, é tão complicado acreditar nelas quando nos são oferecidas também. É tão complicado provar aos outros, é tão difícil aceitar as provas também.
Tudo é sempre tão questionado, os 'para sempre' foram extintos antes que pudéssemos os salvar. A felicidade passou a ser um misto de egocentrismo e falsidade, que sua nomeclatura poderia até ser egocidade (egoc - egocentrismo + idadei - falsidade).
E os sonhos? os sonhos passaram a ser ganância, querer mais do que se pode. A essência de sonhar com o que não se tem perdeu o ar de suavidade e o toque de inocência. Agora significa ultrapassar os limites, passar por cima de quem for preciso e conseguir o que tanto deseja.
Eu vejo um mundo diferente do que os livros contam, eu vejo histórias diferentes do que as que contam os antigos. Eu vejo seres estranhamente diferentes do que se considerava normal.
Eu vejo pessoas que se convencem por uma realidade ilusória, por hábitos proibidos, por falta de pudor.
Eu vejo mais julgamento do que pedidos de perdão. Eu quase não vejo o perdão.
Eu sinto o calor dos olhos que invejam a felicidade dos puros, sinto o gelo dos que agoram o calor dos sentimentos.
Como eu queria que o Homem fosse como o João... joãozinho de barro...
Como eu queria poder entender todas as esferas que descrevem o amor, como eu queria provar que amo, como eu queria acreditar que sou amada.
Como eu queria poder entender esse verbo, amar.
Queria, com todas as forças, com todos os sentimentos e vibrações, queria poder cantar ao mundo a sinceridade que reina neste coração.
Queria mostrar à todos os sonhos mais suaves que se pode sonhar, a realidade tão simples e feliz que se pode ter, sem atingir a ninguém...
Como eu queria extinguir a tristeza do mundo, e levar junto com ela todo o rancor e o ódio que a compõe. Como eu queria poder mostrar aos demais que a luz do sol é tão mais pura, mais bela e mais doce, que as salas escuras onde são tramadas as estratégias contra o resto do mundo.
Como eu queria menos raiva, menos pessimismo, menos motivos para assim sentir e pensar.
Eu só sei das coisas que sinto, que creio e que quero... Sei de meus sonhos, de meus desejos e do meu futuro. Eu sei quem quero...
Como eu queria que minhas palavras tomassem um rumo certo e fossem eternizadas enquanto eu ainda viver. Queria que tudo isso que escrevo fosse uma regra de vida e que eu jamais mudasse de ideia, pois, apesar de absurdas, elas são boas. Queria não mais deixar de sentir o que sinto, de sonhar o que sonho e de querer o que quero...
Queria que esse fosse o meu destino escrito e jamais me arrepender do que aqui diz...
Queria ser um João-de-Barro com essas palavras, agora que as escrevi, leva-las até o fim da vida.
Como eu queria ser esse tal João, como eu queria que todas as pessoas fossem esse tal João...
Mas me vale o que tenho, o que tanto demorei para possuir...
Não preciso provar nada a ninguém, sei dos sentimentos que tenho, sei o que sinto...
Essa minha caixinha chamada coração tem a chave ao lado da alma, onde preservo com tanta segurança minha consciência, a qual mantenho sempre limpa e intacta.
Eu queria ser o João, queria que esse amor fosse pra vida toda...
Mas ainda assim não depende de mim, depende do mundo, das pessoas do mundo. Depende dos que me cercam, que me secam, que me invejam... depende dos que me amam, dos que me acalmam, que me alegram... Depende de todos nós...
Mas ainda assim, possuo o que o João possui...
' a vontade de que seja para toda vida'

          E isso, ninguém me tira.