O nome dela é Sandra Marisa
Muller, mas é conhecida por “Fe”, um apelido carinhoso que ganhou e assim
ficou. É natural de Tuparendi. Veio para Bagé aos 14 anos e hoje em dia tem 40.
Eu a conheci quase que sem querer: em uma parada de ônibus esta semana. Estava
muito quente, este calor que Bagé já está habituada a sentir. Ela sentou ao meu
lado e comentamos sobre as banalidades do cotidiano, dentre tantos assuntos que
surgiram naqueles 15 minutos, chegamos às doenças. Fe, sem saber que sou da
Liga Jovem, comentou de suas já encerradas sessões de radioterapia e da sua
luta contra o câncer de mama. Mora sozinha, e suas companheiras são duas
poodles. Ela conta que está afastada da família desde os 13 anos de idade e que
todo tratamento foi feito com muita coragem. Contou também que foi amparada
pela Liga Feminina de Combate ao Câncer, e sorri.
Fe tem aquele sorriso que
contagia. Ela sorri com tudo que acha bom. Sorri ao lembrar dos amigos que pode
confiar, ao falar nos cachorros em casa. Mas se dizia ansiosa para chegar em
casa e dar uma piscina à uma garotinha.
O que surpreende e alegra, é
que Fe não se deixou vencer pela doença. Nem tampouco tem vergonha da mesma.
Ela abriu o coração para o mundo. Para os necessitados. Doa tudo que pode e
quando pode.
Sandra descobriu a doença em
novembro de 2009 e foi amparada pela Liga em março de 2011, quando passou a
receber remédios para o tratamento. Além dessa ajuda, a Liga, quando Fe
precisa, dá um apoio alimentício, e por uma complicação na visão, ela ganhou um
óculos para poder continuar fazendo seus trabalhos artesanais.
Atualmente a doença está estabilizada, mas ela precisa
continuar fazendo exames e tomando um medicamento por quatro anos. Conta que a
Liga mudou a sua vida, pois quando foi amparada estava com depressão
gravíssima, com poucos motivos para viver.
“A Liga? Nossa! A Liga mudou a minha vida. A Vera é uma mãe. Me conhece. Ela me
dá todo apoio necessário. Ela conversa comigo, me dá ânimo, é extraordinária”. Conta.
Quando olha para trás vê que seu rumo hoje é outro. E reconhece: “A Liga não tem somente bom atendimento, ela
tem carinho, elas nos tratam com amor”.
Quando
eu perguntei da família ela disse que não tem, ou melhor, que sua família são
os amigos e a Liga. Que o melhor remédio que ela precisa é um abraço, é ver o
telefone tocar e ouvir uma voz amiga. E da um conselho: “A dor é forte, mas quanto mais a gente pensa nela, pior é. Portanto,
quando eu to com dor, eu já penso em outra coisa e ali adiante eu já não sinto
nada”.
Fe se
diz uma mulher guerreira. E não é para menos, foram vários e sérios os motivos
que fizeram ela sair de casa e vir para tão longe. São quase 27 anos morando na
Rainha da Fronteira, e ela diz: “Amo essa
cidade. Aqui é o meu lugar”.
Entrei
em contato com a Vera Jardim, que é do assistencial na Liga, e ela falou na
Sandra com muito carinho. Relatou cada detalhe do percurso dela no tratamento e
da vontade de vencer.
Para
finalizar esta matéria foram feitos vários telefonemas, muitas conversas, e quando
eu finalmente estava pronta para enviar para o jornal, recebo uma mensagem
carinhosa de Fe, dizendo que sou um anjinho. Eu me emocionei, confesso. Espero
que todas as pessoas que sentiram a mesma coisa que eu, levem aos seus
conhecidos essa mensagem de superação.
Hoje eu
termino o dia com uma amiga a mais.
Para ser assistido na Liga é necessário que a pessoa
comprove, através do exame anatomopatológico (biópsia), ser portadora de
câncer. Munida desse documento deverá se dirigir até a sede da Liga, que fica
no prédio da 7ª Coordenadoria de saúde, e fazer o cadastro. Feito isto, e
comprovada a necessidade, fornecemos uma cesta básica mensal de aproximadamente
10kg e toda a medicação solicitada pelo médico sem nenhum custo para o
assistido.
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