Ela só precisava aceitar que nem tudo era como os contos diziam. Que os livros eram mais longos que as histórias de amor da vida real, e que por mais que virasse lentamente as páginas da sua história, o dia de amanhã nunca seria algo previsível como na dramaturgia.
Ela não entendia que promessas poderiam ser falsas; que paixões aconteciam e morriam na mesma intensidade. Que sua beleza ou inteligência não seriam capazes de prender nenhum roteiro e que o mundo continuaria no mesmo fluxo, mesmo que ela precisasse descer e digerir algumas verdades.
Ela sabe que nenhum carinho em foi em vão; que nenhuma palavra foi ao vento; que nenhum beijo foi fictício. Mas ainda assim era preciso compreender que romances acabam, em sua grande maioria, antes mesmo de começar.
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Fragrância
Diversas vezes eu me peguei cheirando perfumes vagabundos. Não em essência, mas faltava na composição um pedaço do teu cheiro; do teu pescoço e de uma respiração descompassada e acelerada depois do beijo.
Diversas vezes eu me peguei chorando, cantando a canção já mencionada, e rindo, entre uma caixa e outra, abri lembranças, já encubadas. Talvez, entre o que sobrou, ainda restou um pouco de compaixão. Pois não se apaga, nem mesmo com borracha, as pegadas deixadas em um coração.
Diversas vezes eu me peguei ajoelhando, pedindo desculpas por erros que nem ao menos cometi. E de tantos tombos, fui colhendo mercúrio, forrando de gases machucados que já nem sangravam mais.
E de tanto aplaudir a temerosa angústia, e cultuar a fé sem compromisso, me peguei rezando, encantada pelo meu próprio pranto, que já não me bastava de nada.
E se diversas vezes eu voltar aqui, para abrir o caderno que escrevi, e lembrar dos medos que engoli, vou recordar, que para não implorar, te deixei partir.
Mas um dia hei de dizer, entre um soluço de saudade e um aperto de orgulho, que o mundo não parou. E entre um copo de água e outro, vou subtraindo as tristezas de um passado, que tampouco começou.
Diversas vezes escorei os cotovelos na janela, para ver voltar aquele que se foi. Mas de tanto errar, e cansada de ali estar, descobri que por saber voar, inteligente será aquele que tomar por decisão, ficar.
Diversas vezes eu me peguei chorando, cantando a canção já mencionada, e rindo, entre uma caixa e outra, abri lembranças, já encubadas. Talvez, entre o que sobrou, ainda restou um pouco de compaixão. Pois não se apaga, nem mesmo com borracha, as pegadas deixadas em um coração.
Diversas vezes eu me peguei ajoelhando, pedindo desculpas por erros que nem ao menos cometi. E de tantos tombos, fui colhendo mercúrio, forrando de gases machucados que já nem sangravam mais.
E de tanto aplaudir a temerosa angústia, e cultuar a fé sem compromisso, me peguei rezando, encantada pelo meu próprio pranto, que já não me bastava de nada.
E se diversas vezes eu voltar aqui, para abrir o caderno que escrevi, e lembrar dos medos que engoli, vou recordar, que para não implorar, te deixei partir.
Mas um dia hei de dizer, entre um soluço de saudade e um aperto de orgulho, que o mundo não parou. E entre um copo de água e outro, vou subtraindo as tristezas de um passado, que tampouco começou.
Diversas vezes escorei os cotovelos na janela, para ver voltar aquele que se foi. Mas de tanto errar, e cansada de ali estar, descobri que por saber voar, inteligente será aquele que tomar por decisão, ficar.
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fragrância; perfume; partir; asas; voar; ficar
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
Sem para sempre
Às vezes é tão fácil dizer adeus. Fácil falar da boca para fora, criar rios que não têm ponte e fugir para o outro lado da rua. Às vezes é fácil fechar os olhos para perder de vista aquilo que não quer enxergar; começar a rir para evitar que as lágrimas escorram; torcer o nariz para não aceitar a verdade. Às vezes é fácil dizer que tudo passou; que o relógio é o convênio com o tempo para te curar as feridas.
Às vezes é tão fácil pisar no passado e simplesmente esquecer que há um futuro; ou deixar de viver o presente pensando no que passou e que não estará lá na frente...
Às vezes é tão fácil acreditar em mentiras que a alma conta ao coração; mas essa é a forma mais inteligente que aprendemos a viver quando nos deparamos com sentimentos burros.
A razão nem sempre será sua aliada, e por mais que tu viva uma eternidade ignorando-a, uma hora ela mostra por qual motivo é o cérebro que comanda todos os teus batimentos.
Às vezes é tão mais fácil voltar ao sonho e pedir para que ele volte a acontecer; mas aí percebemos que já fecharam o livro, e dessa vez não havia para sempre.
Às vezes é tão fácil pisar no passado e simplesmente esquecer que há um futuro; ou deixar de viver o presente pensando no que passou e que não estará lá na frente...
Às vezes é tão fácil acreditar em mentiras que a alma conta ao coração; mas essa é a forma mais inteligente que aprendemos a viver quando nos deparamos com sentimentos burros.
A razão nem sempre será sua aliada, e por mais que tu viva uma eternidade ignorando-a, uma hora ela mostra por qual motivo é o cérebro que comanda todos os teus batimentos.
Às vezes é tão mais fácil voltar ao sonho e pedir para que ele volte a acontecer; mas aí percebemos que já fecharam o livro, e dessa vez não havia para sempre.
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Silenciar
Não se assuste com as minhas lágrimas, com o meu lamento, ou com a minha satisfação ao pedir desculpa.
Não se assuste com a minha mania de voltar aos fatos, de ter memória de elefante, ou de registrar cada segundo em um caixa forte.
Não se assuste com a minha ironia engraçada, com as minhas piadas, e muito menos com a minha cara de brava.
Não se assuste com as minhas mil fases, com um bom dia que envio mais tarde, ou com uma ligação que fiz mais cedo.
Não se assuste com os meus reparos, com os meus regalos, ou com a minha falta de comportamento.
Não se assuste se eu disser que gosto, se eu sentir saudades, ou se eu gritar que quero te ver.
Não se assuste com as minhas ameaças, nem com as minhas gargalhadas nervosas, muito menos com o jeito que o meu semblante se fecha.
Não se assuste com com o meu desespero, com os meus sonhos, ou com a meu medo de realizá-los.
Não se assuste com a minha mania de voltar aos fatos, de ter memória de elefante, ou de registrar cada segundo em um caixa forte.
Não se assuste com a minha ironia engraçada, com as minhas piadas, e muito menos com a minha cara de brava.
Não se assuste com as minhas mil fases, com um bom dia que envio mais tarde, ou com uma ligação que fiz mais cedo.
Não se assuste com os meus reparos, com os meus regalos, ou com a minha falta de comportamento.
Não se assuste se eu disser que gosto, se eu sentir saudades, ou se eu gritar que quero te ver.
Não se assuste com as minhas ameaças, nem com as minhas gargalhadas nervosas, muito menos com o jeito que o meu semblante se fecha.
Não se assuste com com o meu desespero, com os meus sonhos, ou com a meu medo de realizá-los.
Comece a se assustar quando eu trocar tudo isso pelo meu silêncio.
Eh...
Estou me despedindo do que me faz mal,
do que me deixou para trás,
do que não acrescenta.
Estou me despedindo de despedidas,
de partidas,
de lenços que se balançam no compasso do soluço.
Estou me despedindo das rédeas,
das falsas promessas e até mesmo do que um dia me riscou a face.
Estou me despedindo do tormento,
pois já é hora de sorrir!
Rir, baby!
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
Mais uma taça de café
Pode ser que a nossa conversa hoje termine um pouco mais tarde. Talvez eu peça para você ficar, ou talvez eu simplesmente bata a porta e sente atrás dela. Você nunca sabe como fica a minha cabeça depois que você parte.
Pode ser que teu sorriso acabe semana que vem. Talvez eu acredite que alguns foram verdadeiros, ou talvez eu simplesmente esqueça a cor dos teus olhos por não acreditar mais em brilho algum.
Pode ser que a gente se entenda logo mais, ou comece a crer que o passado explica muita coisa. Talvez eu queira deitar por mais tempo no teu colo e pedir um carinho que há muito tempo não ganho. Talvez seja carência, ou simplesmente uma dor sem nomenclatura.
Pode ser que eu esteja caindo pelas beiradas, removendo a felicidade e implantando essa minha velha mania de querer que tudo seja do meu jeito. Perdão por não saber ser diferente, ou por ser tão intolerável quanto às banalidades. Acho que o medo de errar me fez ser a mais errante de todas.
Pode ser que eu esteja gritando com o olhar. Que eu esteja chorando pela boca. Que eu esteja respirando pelos ouvidos. Ou quem sabe até escutando pela respiração. Pode ser que eu tenha perdido os sentidos, ou simplesmente tenha deixado de acreditar em suas verdades.
Hey, fique. Hey, senta aqui ao meu lado. Por favor, sirva mais um copo e jogue-se para trás. Talvez eu só esteja precisando conversar, ou simplesmente esperando o dia que alguém me compreenderia.
Pode ser que seja você, ou simplesmente não.
Pode ser que teu sorriso acabe semana que vem. Talvez eu acredite que alguns foram verdadeiros, ou talvez eu simplesmente esqueça a cor dos teus olhos por não acreditar mais em brilho algum.
Pode ser que a gente se entenda logo mais, ou comece a crer que o passado explica muita coisa. Talvez eu queira deitar por mais tempo no teu colo e pedir um carinho que há muito tempo não ganho. Talvez seja carência, ou simplesmente uma dor sem nomenclatura.
Pode ser que eu esteja caindo pelas beiradas, removendo a felicidade e implantando essa minha velha mania de querer que tudo seja do meu jeito. Perdão por não saber ser diferente, ou por ser tão intolerável quanto às banalidades. Acho que o medo de errar me fez ser a mais errante de todas.
Pode ser que eu esteja gritando com o olhar. Que eu esteja chorando pela boca. Que eu esteja respirando pelos ouvidos. Ou quem sabe até escutando pela respiração. Pode ser que eu tenha perdido os sentidos, ou simplesmente tenha deixado de acreditar em suas verdades.
Hey, fique. Hey, senta aqui ao meu lado. Por favor, sirva mais um copo e jogue-se para trás. Talvez eu só esteja precisando conversar, ou simplesmente esperando o dia que alguém me compreenderia.
Pode ser que seja você, ou simplesmente não.
terça-feira, 15 de outubro de 2013
#Adultos-Criança
#DiaDasCrianças: É... O tempo passou. Os anos se perderam nos ponteiros e a época de preocupação com provas já não está mais sozinha. A mamadeira virou copo; o número do pé estacionou; acordar cedo é mais que uma simples obrigação... É, pais, a infância passou. Guardei as bonecas e substitui por responsabilidades aquelas brincadeiras que acabavam sempre com o joelho roxo. O tempo passou e não teve dó daqueles que queriam ficar só mais cinco minutinhos no corpo de criança. É que o tempo passa e a gente nem vê; quase não sente. Eu já não sou nem mais adolescente. Criei meus objetivos e tracei meus planos. Mas ainda estou abaixo das asas protetoras. Asas que não me deixam sofrer; que me aliviam do frio; que negam-se de ver que esse tempo passou. Meus pais, minha vida. Para eles sempre seremos aquelas crianças, a quem tanto repreendem na ânsia de tentar educar a linha do caráter. Mas, apesar de verem nosso novo formato, é por eles que voltamos todos os dias para casa.
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Quebra-Cabeça de mãe
Não, essa neném não é a Úrsula. Essa moça que agarra a bebê tem a idade que eu tenho hoje. É como trazer aos dias atuais uma relação que começou há 21 anos, quando eu nasci.
Geralmente eu ouço que as melhores amigas das minhas amigas são as suas mães. Queria muito dizer o mesmo. Estamos mais para pessoas da mesma família que moram juntas. Minha mãe sempre foi um doce, mas um doce fechado. Uma pessoa quieta, inclusive com os filhos. Mas, sempre foi mãe.
Levantou mil vezes durante a noite para me acolher... amamentou, levou ao médico, deu banho, trocou fraldas e ficou sem comer para que eu comesse. Talvez a gente não agradeça o suficiente nunca, mas um dia seremos nós que agarraremos pequenos para chamar de filhos.
Ninguém inventou um manual. Isso varia. Muda de família para família. De caso para caso. E o nosso, bem, o nosso vem sendo um exemplar com mil edições.
Mãe, ainda há muito a ser dito; há muito a ser vivido; há muito a ser superado. Nosso relacionamento é um eterno quebra-cabeça, daqueles que muitas vezes dá vontade de guardar dentro da caixa e partir para outro. Porém, quando lembro que tu é a responsável pelo presente mais divino que alguém me deu, vejo que não existe jogo sem regras; e que não há vitórias sem perdas.
EU TE AMO, AMOR INCONDICIONAL.
Geralmente eu ouço que as melhores amigas das minhas amigas são as suas mães. Queria muito dizer o mesmo. Estamos mais para pessoas da mesma família que moram juntas. Minha mãe sempre foi um doce, mas um doce fechado. Uma pessoa quieta, inclusive com os filhos. Mas, sempre foi mãe.
Levantou mil vezes durante a noite para me acolher... amamentou, levou ao médico, deu banho, trocou fraldas e ficou sem comer para que eu comesse. Talvez a gente não agradeça o suficiente nunca, mas um dia seremos nós que agarraremos pequenos para chamar de filhos.
Ninguém inventou um manual. Isso varia. Muda de família para família. De caso para caso. E o nosso, bem, o nosso vem sendo um exemplar com mil edições.
Mãe, ainda há muito a ser dito; há muito a ser vivido; há muito a ser superado. Nosso relacionamento é um eterno quebra-cabeça, daqueles que muitas vezes dá vontade de guardar dentro da caixa e partir para outro. Porém, quando lembro que tu é a responsável pelo presente mais divino que alguém me deu, vejo que não existe jogo sem regras; e que não há vitórias sem perdas.
EU TE AMO, AMOR INCONDICIONAL.
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
Um certo desconhecido
Tem gente que entra sem querer. Que esbarra pela calçada de uma estrada chamada vida. Que chega de mansinho, que vai ocupando o seu espaço. Danados, quando percebemos, já temos na nossa sala do nosso coração um ser sentado com os pés para cima, ainda por cima, pedindo café (ou chimarrão).
E entre um amargo e outro, entre um sorriso que cresce conforme a intensidade da prosa, a gente percebe que aquele que mal entrou, já não quer mais sair.
O dia corre, a noite encosta através da lua que bate na janela, e aquele que era só um estranho se flagra encarando o teu olhar. Já não são olhos distantes, já não temos mais medo.
Ele chegou faz pouco tempo. Se fosse fruta, ainda nem estava madura. Mas quem é que entende essa máquina humana? Quem é que já conseguiu identificar onde está o controle remoto dos sentimentos?!
Eu apenas coloquei no piloto automático...
E aí, aquela pessoa que passava, que esbarrava, que caia de boca no teu conceito, ficou. Ou melhor, tu te encontra completamente perdida naqueles olhos de cor mel, sorrindo feito boba para lábios que ainda não conhecia o sabor.
Foi pela amizade, ou pelo desconhecido, que aprendeu a confiar naquele que mal sabia que há muito já estava ali, rondando teu coração, como quem zela incansavelmente.
É que tem gente que chega assim, sem bater na porta, e toma conta. Que bom! Pode ficar, não precisa levantar. Aguarda um minuto que vou chavear a porta.
As chaves? Perdi! Esqueci onde coloquei. Afinal, quem é que precisa do que tem lá fora, se já encontrou tudo que procurava aqui dentro...
E entre um amargo e outro, entre um sorriso que cresce conforme a intensidade da prosa, a gente percebe que aquele que mal entrou, já não quer mais sair.
O dia corre, a noite encosta através da lua que bate na janela, e aquele que era só um estranho se flagra encarando o teu olhar. Já não são olhos distantes, já não temos mais medo.
Ele chegou faz pouco tempo. Se fosse fruta, ainda nem estava madura. Mas quem é que entende essa máquina humana? Quem é que já conseguiu identificar onde está o controle remoto dos sentimentos?!
Eu apenas coloquei no piloto automático...
E aí, aquela pessoa que passava, que esbarrava, que caia de boca no teu conceito, ficou. Ou melhor, tu te encontra completamente perdida naqueles olhos de cor mel, sorrindo feito boba para lábios que ainda não conhecia o sabor.
Foi pela amizade, ou pelo desconhecido, que aprendeu a confiar naquele que mal sabia que há muito já estava ali, rondando teu coração, como quem zela incansavelmente.
É que tem gente que chega assim, sem bater na porta, e toma conta. Que bom! Pode ficar, não precisa levantar. Aguarda um minuto que vou chavear a porta.
As chaves? Perdi! Esqueci onde coloquei. Afinal, quem é que precisa do que tem lá fora, se já encontrou tudo que procurava aqui dentro...
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